terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Da Paixão

Eu quero tirar você pra mim
Despir você com carinho
Com tesão
Passear em teu corpo como
Se passeia num jardirm de Versailles


Andar com minha lingua,
Como a desbravar cada cantinho seu

Sentir seu cabelo no meu peito enquanto
Descansamos de um tempo lá fora


Ah, eu quero sentir
Meu coração doer
Quando você se for
E poder te ligar às três e dezenove
Da madruagada
E sussurar poemas eróticos
No telefone


Quero esperar
O dia seguinte como um prenúncio de vitória 


Eu quero você pra mim
Eu quero trocar a vida inteira
Por um tempo ao seu lado


E comer chocolate contigo
E dizer, no meio do jantar,
Quero casar com você.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Pra Ry-r

Para o sol rir
Para o sol, Ry.
Daqueles bonequinhos numa folha de caderno
Da senhorita com vestido de florzinha
E da gargalhada tentando ser séria
Um brilho cheio de carinho
Tanto amor, tanta coisa boa
A melhor energia, os melhores ouvidos
E o cara mais chato do mundo

A senhorita de vestido de florzinha
Com uma enorme vontade de sair do papel
E o sol sorrindo
E as cantingas da infância
E a menina ao meu lado
Dançando como quando criança
"Desamassa aqui pra ficar boa!"

E a sua boneca de lata
E a boneca no caderno
Não precisam de cura
Elas são a cura
A cura pro mau humor matinal

Seu sor-ry-so irradia tanto
Que no meio do tempo passando
Dá uma energia pra pausa, café e poema
Aquece do frio
Afasta os perigos
Lembra os sonhos bons
E aumenta a saudade.

sábado, 12 de dezembro de 2009

De Gosto

Gosto do azul se ele está à mostra. Gosto do verde se ele estiver vivo, ou enrolado num cigarro. Gosto da pele nua, suada e quente. Gosto do gozo, do sorriso, da respiração marcada. Gosto do risco de unha nas costas, da marca no pescoço. Gosto do coração batendo mais forte. Gosto da dose de licor depois do sexo. Gosto de olhar a lua pela janela, acender um cigarro e ser surpreendido com um beijo na nuca. Gosto do cheiro de café que vem junto com o seu beijo. Gosto de sentir seu rosto no meu peito. Gosto de ouvir sua voz sussurrando. Gosto de sentir o vento que sacode as cortinas. Gosto muito de não dizer nada, de deixar que o momento fale por si. Gosto de ouvir a sua risada gostosa ao me contar histórias. Gosto de me encantar aos pouquinhos com o brilho de seu olhar. Gosto de poder me perder em você. Gosto de perder as horas ao seu lado. Gosto de nunca ver o tempo passar se você está comigo. Gosto de conversar sobre música durante o café e depois do café falar de novela. Gosto de voltar à cama e dizer que te quero de novo e sempre. E gosto de começar tudo de novo, sem medo de ser louco, sem medo de ser piegas. Gosto de faltar ao trabalho pra ficar com você. Gosto de dizer que não estou, se me procuram. Gosto de aproveitar cada segundo em seu corpo. Gosto de ver o céu ficar vermelho, ao longe. Gosto de ver os últimos raios de sol cobrirem seu corpo nu. Gosto de ver o volume de seus seios em direção a mim e de te guardar num abraço. Gosto de dizer que te amo baixinho, só pra você me escutar. Gosto do gemido seco e ofegante. Gosto de dormir abraçado, sentido o seu cheiro. Gosto de acordar no dia seguinte e olhar pra você, dormindo tão tranquilamente. E do beijo nos lábios antes de sair. Gosto de passar o dia esperando te ver. Gosto de ver o azul à mostra. E gosto dos pássaros no meio do caminho. Gosto de estar como um adolescente apaixonado. Gosto desse sentimento que invade meu coração. Gosto do medinho e do frio na barriga. Gosto de dizer sim. Gosto do amor quando ele, de repente, bate à minha porta. E gosto muito de saber que, no fim de tudo, não seremos apenas lembranças, mas seremos uma história só.

*Uma menina, amiga minha, gostou tanto desse texto, que eu dedico a ela. Sem citar nomes "para não causar constrangimentos".

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Memórias De Uma Noite Sem Embriaguez

É amor, meu irmão!
Não há o que questionar


Olhou o papel com algumas palavras
Leu
Sorriu
Chorou
Seu coração bateu tão forte
Parecia nunca ter vivido aquilo
Deitou
Sonhou com o que estava por vir.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Escada (ou O Menino Sem Medo)


Em cada momento,
Entre todas as pessoas
Que estavam lá,
Já não se podiam ver
Estrelas

Tentando subir degraus
Numa escada velha,
Que grita reclusão,
Que pede um pouco de solidão.

Acabaram traindo desejos e sonhos
Acabaram comprando falsas vitórias
Acabaram desfazendo o compasso
E desnorteando toda a concentração

Já não mais afeto
Já não mais carinho
Já não há por que lutar em favor de.
O sol, nem ele mesmo está lá.

Cantaram pro menino dormir
Cantaram pra não assustar o menino
Desfizeram os sonhos do menino
Brincaram de fazê-lo sentir
Mas negaram no fim da história

A sua sorte é que
Tal qual este texto
Tudo está por acabar
Todas as suas besteiras
Todos os seus sentimentos
Todos os cantos de amor
Toda a infelicidade de amar
Todo querer incompleto

Mas mesmo que chegue o verão,
Sabe ele que
O chocolate quente do inverno
Fica na boca, com gosto de
Saudade.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

pernilongo na meia-noite


Tem uma borboleta na minha sala.
É uma mariposa.
Mariposa é borboleta?
Elas se parecem.
Só porque a mariposa tem um visual mais sombrio?

E ela pousa de asa aberta...
Modernosa. 
A borboleta é recatada, puritana... 
A mariposa é mais pra frente...
Toda aberta.

Mariposas são bonitas.
Mas eu não gosto delas voando. 

Espero que ela não levante voo tão cedo.

Ela voou...
Ela tá voando demais.

Numa nuvem de gás mortal
Asas que batiam numa tentativa ineficaz de levantar voo
O meu olhar em suas asas
Somente o barulho delas a bater no ladrilho
Um desespero, sem ar.

A mim não foi confortável ver uma mariposa se debater até a morte.
Sou um mau homem. 
Péssimo.

*não consegui achar o nome do autor da foto para citar.

domingo, 22 de novembro de 2009

Papel de Carta

É o beijo.
Na falta, me vem um monte de desejo.
Estarei te enviando, hoje mesmo,
Um monte de cartinhas de amor
Mas não garanto que sejam de verdade.
Só vontade de não ficar sozinho mesmo.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Em Janelas

Ele olha pra cima
Como uma folha em busca do Sol
Sonha com um paraíso inexistente
Esqueceu-se das íris

Da janela da torre
Pode ver os abutres
Sobre a carne podre
Matando a fome com a morte

Ainda, tão longe
Pode ver os ossos
Dos guerreiros suicidas

O céu é vermelho
Os olhos também

São como pontos no infinito
Ele mal pode enxergar o resto da esperança
Obscuro, seu quarto parece uma prisão
Seu chão, mais próximo que sua alma
Adoece com tão pouca luz

De joelhos.
A terra molhada sob si
Encharcada com suas lágrimas
Não rega a história, envenena.

Uma luz entra no ambiente
Ofuscando seus olhos
Tudo parece que vai embora.
Parece...

À janela, uma borboleta.
Um brilho parece encantar sua alma
Lembra-se que não tem vida pra dar
Sem luz, morre aos poucos
Fecha seus olhos


Sonhou com o jardim de íris.
Reviu esperança,
Acordou em terra seca,
Em sonho seco,
Em história seca,

Morto.

domingo, 15 de novembro de 2009

Inquietação (ou A Vontade do Coração do Menino)

Eu quero a liberdade de uma gaivota sobre o mar.
E olhar os navios assim, me faz sonhar com o infinito
Há tanta coisa no nosso mundo!!

Existe um mundo lá fora
Muito maior que meus sonhos.
Existe um mundo cheio de vontade de se descobrir.

Existe um coração inquieto.

Existe muito medo, muito rancor, muita mágoa.
Mas "eu quero a rosa mais linda que houver"
Quero poder olhar a bailarina
Poder cantar com os meninos do coral
Beijar a boca que dorme logo ao lado
Subir no palco.
Quero a liberdade de amanhã girtar a alegria ao mundo
Quero sentir incômodo
Com tanta possibilidade de ser feliz
E depois cheirar o alecrim que nasce

Ah! Eu quero poder apreciar o pôr-do-sol.
Eu quero poder beber toda a garrafa de vinho
Eu quero embebedar minha alma
Eu quero, depois disso tudo, não reclamar.
Eu quero não ter que olhar pela janela
Eu quero ver a banda passar
Eu quero estar na banda
Eu quero querer.
Desejar.
Eu quero sentir prazer em fazer,
Em ser,
Em ter,
Em sonhar.
Ah!! Eu quero sonhar.

Eu quero morrer sem pecados

Eu quero morrer sem pudor
Eu quero não ter que desligar minha voz ao cantar
Eu quero não cantar só na mente
Eu quero chorar abraçado
E depois rir por tanto clichê!

Que me venha o amor!
Sem pudor!
Sem medo!
Apenas carinho...
Apenas amor...
Em italiano, em inglês, em japonês,
Em francês, em hindi, em esperanto!
Este, que move a alma!
Hoje.

E neste pouco espaço de tempo,
Gostaria de respirar a paz de espírito
Sem pesos, correntes, amarras, algemas, celas, esferas.
Livre de tudo.

Até mesmo da angústia que não passa.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Apenas dói.

Estou triste.
Muito mais que um eu-lírico...
Essa tarde não tem personagem.
Não tem histórias,
Não tem nada de fantástico.
Apenas um cara.
Por trás desse monitor e teclado.
Estou afim de não escrever mais e deixar passar essa dor.
A verdade é que eu não sei de onde ela vem,
Nem quando chegou aqui.
Sei que me dá vontade de dizer não a tudo.
E eu não tenho noção de como fazer pra sair disso.
Uma vontade de chorar me faz querer parar agora,
Uma angústia que não passa
Talvez eu volte.
Mas eu não sei quando
E talvez seja a hora de me despedir.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Noite (ou Vamos Fugir Pro Fundo do Mar?)

Eu queria uma canção
Um blues... Poderia ser um sambinha
Mas eu quero um samba triste
Quero arrancar lágrimas de mim mesmo
Quero poder dizer que o amor é um veneno
E depois acender um cigarro, brindando com vinho
Poder sorrir um sorriso falso, sem alegria
Com a mais pura tristeza de um cara estragado
De um coração meio cansado

E não acredito que o metal é como uma despedida.
Ele não sabe que sou capaz de morrer?
Faz questão de ignorar que estou em carne viva?
Mentindo sentimentos?

Por que será que a gente acorda em dias ruins?!
Por que não podemos apenas dormir neste dia e quem sabe amanhã...
Isso. Quem sabe amanhã, uma nova canção...
Um frevo, quem sabe.
Ou um samba alegre.

Quem sabe amanhã serei maior que qualquer coisa que se pode sentir?
E de repente poderei criar as fantasias mais legais nessa pobre cabeça!!
E poder fazer o mocinho e a mocinha ficarem juntos desde o início!?
Ou ainda extinguir o bandido dessa história, ou a bruxa má.

Tem uma hora do dia que a gente começa a fantasiar.
E chega uma hora do texto que parecemos sentir o que se passa.
Mas o que é mesmo que se passa?!
E a gente morre de vontade de morrer
E a gente cansa de querer se encontrar em alguém
Pra querer simplesmente definhar aos pouquinhos
Com pequenas doses
Veneno ou vinho!?

Sobrará um resto de prosa
Um vestido manchado com lágrimas.
Uma gravata enrolada num canto
Sem amor
Sem alegria
Sem tesão
Sem vontade alguma

Apenas um interesse muito grande em poder sofrer até a última gota
E poder arrancar dos espinhos, a rosa
E poder queimar as fotografias
E poder rasgar as cartas
Apagar os recados na secretária eletrônica
Desistir de sair essa noite
Desistir de dormir
Escapar de cada sonho, vendo a vida passar na janela
Enquanto aqui dentro, o mofo toma conta
E esse coração é só um monte de resto
Pronto a desfalecer em pedacinhos de passado
Mal-vivido, mal-acabado.
Feito inverno que não passa.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Melissa

Ela entrou. Jogou as chaves num canto, a bolsa num outro canto da sala, tirou o sutiã por baixo da blusa azul. Estava com vontade de não fazer parte do mundo. Como as coisas poderiam dar tão errado com uma pessoa em tão pouco tempo? Ela não acreditava que era o fim do seu namoro que estava fazendo isso com seu humor. Nem amava o desgraçado. Na verdade, há algum tempo não nutria sentimentos por nenhum rapaz. De repente se lembrou de seus biscoitos comprados numa lojinha do interior. Correu ao banheiro, tomou um breve banho. Sentou em frente à TV. Que bom que estava sozinha. Era a melhor parte do dia. Estar só em sua casa, com a TV ligada e vendo filmes em alemão, sem legenda. Ela não entendia nada de alemão, mas o preto e branco e as vozes e as faces a deixavam altamente em polvorosa. Sentada no sofá, uma caixa de biscoitos, um chá de maracujá, filme alemão.

Ao ouvir o telefone tocar, ignorou todas as sete ligações. Ela não queria ser incomodada. Era seu ex-namorado não amado que ela tinha tomado repúdio depois de descobrir que não amava. Queria atender. Sentiu-se sozinha. Viu-se sozinha. Não desejava, nem gostava de se sentir sozinha. Por um momento pensou em retornar as ligações, mas a possibilidade de ter que conversar com alguém e estragar seu filme alemão a fez desistir.

Foi até a janela olhar os carros passando oito andares abaixo. Adorava passar o tempo olhando os carros e vendo como a cidade à noite era viva. Mais um pouco de chá. Pôde olhar no prédio em frente, uma menina dançando para o espelho, um cara tocando saxofone, um casal jantando a luz de velas, uma senhora que parecia chorar vendo TV, um senhor pintando uma tela. Lembrou do seu filme alemão. Voltou à sala, ao sofá. 23h38min. O filme estava acabando. Na verdade, a sua paciência também.

Saiu da sala, largou os biscoitos sobre a mesa, correu ao quarto. Colocou uma saia, uma blusa, uma bota, batom, pegou sua bolsa, desligou a TV, ligou pra uma amiga, catou as chaves no canto onde tinha jogado, bateu a porta e foi passar o resto da noite do lado de fora do mundo.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Um mundo inteiro

Um abraço desnudo
Podia sentir neste, todo carinho
Que há no mundo

Todo bom sentimento
Toda esperança
Toda vida que há pra se refazer
Todos os planos de felicidade
Que passam por tantas coisas

Um abraço capaz de agregar cada palavra dita

Cada suspiro desassossegado

Um sorriso pronto pra acolher e topar tudo

Pra dizer que é bom que o mundo seja assim

Pra dizer que não somos anormais

Que os outros o são

Pra poder cantar enquanto caminhamos

Pra poder conhecer mil pessoas no mundo

E depois ainda achar que o mundo é lindo mesmo

E passível de ser vivido

sábado, 24 de outubro de 2009

Uma noite em minha casa

êa
tá aí!?
num tá.
hunf
saudade de conversar com vc
mas essa janela de monólogo me deixa à vontade também,
sem nem saber se você vai ler isso depois
ou quem vai ler isso depois
talvez não seja vc, mas alguem em sua casa
hehe
isso é legal!!
olááááá
tem alguem aí do outro lado só lendo!?
que excitante... ¬¬'
então. deixa eu "monologuiar"
velhinho... eu to tão chateado com minha vida
poca...porra*
eu tento dar rumos novos a ela e ela não se toma rumo novo
sei lá...
e não me venha com teses de psicologia!!
¬¬
sei lá
tenho precisado de companhia, mas tenho desejado solidão
sabe quando se precisa de colo e silêncio?
to meio assim
precisando de alguem que me aconchegue
que me guarde.
mas que não me pergunte, ou que não fale muito
alguem que me acompanhe numa dose de vinho ou whisky
e que me faça sentir livre
to muito amarrado em minhas coisas
movimento estudantil
política
faculdade
estuda
estuda
sei lá
o que tem me dado prazer é NADA
nada me dá gosto de fazer
conversar com algumas pessoas não me dá mais prazer
existe muita impessoalidade, muita superficialidade
nunca mais sorri com prazer.
nunca mais tive tempo pra mim
no tempo que eu tiro pra mim, eu durmo
tempo perdido
tenho desejados momentos meus e me perco em pensamentos...
eu sempre estou só
sempre olhando pra frente com cara de que o mundo pode acabar
às vezes eu acho que fiz a escolha errada
não,
não estou falando de fisio X enfermagem
falo desde o início
eu poderia ser diferente
eu deveria ser diferente
tanta coisa que eu escolhi errado
escolhi não falar sobre meus sentimentos
escolhi mentir sobre eles
(...)
essa chuva me deixa depressivo
eu não to muito bem esses últimos tempos
devo tá passando por meu inferno astral
(...)
abração, sem tapinhas nas costas,
pra vc tb e boa noite!




*Registro de uma conversa no MSN no dia 12 de outubro de 2009.
Somente as falas de Daniel foram copiadas.



Sr. Almeida (ou Alguém Bateu à Minha Porta Hoje Pela Manhã)

Faz de conta que somos
Hoje
O que sonhamos

E aí!?
Cadê o que dizem ser
F-E-L-I--C-I-D-A-D-E?

Não, essa ainda não chegou aqui não
Está mais longe do que nunca.

Ontem mesmo eu procurei encontrá-la num shopping
Num bordel
Numa cerveja
E depois numa puta qualquer.

Mas quem disse que eu encontrei?
Me sobrou a dor de cabeça...

Me disseram uam vez que ela não existe.
Mas eu sou um bobo.
Custo a acreditar que mentiram pra mim a minha vida inteira

As lâmpadas apagaram e isso sinaliza o fim
Alguém me disse
A-D-E-U-S
Com tanta firmeza que me pensei morto

Mas ainda me basta o amanhã
E eu não costumo rejeitar essa idéia!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Little Girl Blue

Eu queria vomitar no sofá. Eu deixei as revistas jogadas pelo chão. O pedaço de pizza, há três dias, está sobre a mesa de centro. O telefone desligado. A cerveja acabou. A última lata eu bebi ontem enquanto assistia a um filme pornô, muito sem graça, diga-se de passagem. O mundo ainda gira. Meio que sem rumo. Lá fora e aqui dentro também. Janis Joplin canta num vinil velho que eu consegui comprar de um mendigo que ia jogá-lo no mar. Na verdade já é a décima quarta vez que eu coloco o mesmo vinil para tocar em dois dias e meio. Meu vizinho apareceu pra reclamar, dizendo que o fedor do cigarro estava o incomodando. A minha mãe bateu na porta também. Mas eu não a atendi. Ela passou um papel por baixo da porta, era um bilhete dizendo que me amava. Eu só vi depois que acordei. Enquanto eu dormia, sonhava com elefantes no quintal de casa. Eu não tinha um quintal. Eu nunca vi um elefante. Só pela TV. Odeio zoológicos e seus bichos enjaulados. Eles não são felizes. Mas eu ia ao zoológico, de vez em quando, fotografar as emas. Janis Joplin se calou. Acho que está na hora de virar o vinil de lado.

Senti que estava na hora de mais um cigarro, também. Troquei o lado do vinil. Acendi um cigarro e corri pra despensa. Eu estava com fome, eu precisava comer. Tinha macarrão instantâneo. Tinha uma salada na geladeira. Salada com macarrão. Vou pedir outra pizza. Achei uma garrafa de uísque, no fundo da despensa. Pela metade. Eu nem me lembrava que tinha uísque aqui. Na certa, de alguma festa que tinha acabado antes da bebida. Apenas as minhas namoradas iam embora antes da bebida acabar. Há algum tempo não tinha namorada. Correspondia ao tempo exato que aquela garrafa estava guardada. Lembrei que também correspondia, exatamente, ao tempo que eu não trepava. Infelizmente. Eu não gosto muito de prostitutas. Elas não fazem meu lanche depois. Apenas vão embora.

Deitei no sofá. Liguei o telefone. Pedi a pizza. Acendi mais um cigarro e esperei. Tomei uma dose de uísque, sem gelo. Janis Joplin na minha vitrola comprada em antiquário, meu maço de Marlboro, minha garrafa de Jack Daniel’s, agora abaixo da metade, minha pizza por chegar. Um pouco de nostalgia. Um pouco de solidão. Um pouco de embriaguez. E só um pouco de vazio. E mais algumas horas pela frente. Somente o mundo lá fora me perturbava. Mas aqui dentro tudo fluía. Como deveria ser. Desde sempre.

sábado, 10 de outubro de 2009

Cheiro

Estar entre amigos
Surpreender-se sempre
Mas amar acima de tudo
Estar sempre em contato
Com o imprevisto

Mas sempre sentir saudade
De quem está tão longe
E não mentir pra si
E não dizer o que não sente
E apenas ser fiel aos
Sentimentos

Fiel ao amor
Fiel aos sonhos
Fiel à esperança
Fiel ao amor.

Sempre!!

http://www.youtube.com/watch?v=2ZghQP3SBUU
esse texto"videificado"

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Do resto da taça de vinho...

Pois é.
Como se não bastasse a poesia
De repente bate à porta o amor.

As flores no jardim da nossa casa
O gato da vizinha em nosso telhado
A menininha brincando de pular corda.
Cadê onde eu me deixei?

Às vezes na correria de querer descobrir,
Imagino que passo sem saber de nada
E imagino que no fim das contas sou meio merda e meio drama
Mas aí a cena continua
E eu pareço mesmo estar no palco com Julieta e com Macbeth
Ou ainda explodo em um gozo insuficiente para minha sede de prazer

O melhor disso tudo é que amanhã,
Quando eu acordar
E não me lembrar de tudo que fiz hoje
Vou rir dos meus amigos inventando mentiras a meu respeito
E pra sempre acreditar que era a personagem e não eu
Quem vivia um lindo conto

sábado, 26 de setembro de 2009

all about me

sufoco
sucesso
sindicato
sanitário
samba
começar
vestido
despido
concreto
amor
armação
ciúme
abestalhado
xarope
gripe
tosse
doença
saúde
amor
sexo
suborno
programa
trabalho
velho
sacana
amor
vida
peso
consciência
esperma
sucesso
vacina
ofensa
martírio
morte
amor
sofreguidão
permanecer
explodir
estourar
balão
enlouquecer
mentira
fraco
três, três passarão, derradeiros ficarão
roda
ciranda
criança
infância
mentira
café
mulher
menina
menino
abre aspas
jornal
amor
comida
leia
escândalo
não assista à tv
acordar
parece cocaína
vende-se
alento
almas
morte
sosssego
ressucitou
este telefone encontra-se desligado ou fora da área de cobertura.
amor
mentira de novo
shut my fuck mouth up
silêncio

sábado, 19 de setembro de 2009

Nós que somos engenheiros da nação: LUTEMOS.

falando sério
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entre o céu e a terra,
tudo fede a merda.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sobre Todas As Coisas (ou Vontade de Estar com Você)

Poema escrito para Lari. A mais enigmática das mulheres do mundo. E ela não é um pseudônimo.

um vermelho que parecia brilhar
eram sonhos de outrora
ela olhava a janela só para ver o céu
ela costumava ver desenhos em nuvens

e os beijos das crianças eram tão doces
a fazia se lembrar de quão deliciosa fora sua infância
e se divertia com os vestidos rodados delas
e os sapatinhos cheios de barro

sentia a brisa no seu rosto
sentia como o beijo do seu amado
sentia como se pudesse novamente abraçá-lo
e ria de toda aquela situação
de como ficava vermelha em sentir sua mão em cima da dela

era uma sensação gostosa
feliz apesar de nostálgica.

abrira os olhos
enxergava um mundo diferente.
nem tinha mais as crianças ao redor
nem tinha mais os vestidos, os sapatinhos, os carrinhos dos meninos.

olhava a janela e não conseguia ver a alegria nos olhares das pessoas.
de repente chorava de tristeza ao desacreditar de tudo
e lembrava de como sua esperança era bonita
quando estava de olhos fechados

e fechara novamente os olhos
voltara a sonhar com a vida que amava tanto
e podia ver que a esperança vivia dentro de si
e sentia uma paz ao que ultrapassava o barulho que entrava por sua janela
uma amor que era mais forte que qualquer tristeza
uma alegria mais poderosa que o tempo

e fazia de cada memória uma história
pra não deixar morrer a canção que havia em seu coração

sábado, 5 de setembro de 2009

Sem conto pra contar

Contam pra ele que são sempre sonhos.
Histórias malucas da infância

Mas o que de verdade parecem, são joaninhas descabeladas
E as meninas cantam na roda

Os joelhos sujos de barro
As unhas pretas de lama
O chá das bonecas era água com tintol

E correm desesperadas quando uma lagartixa é jogada
E eles correm pra cima delas divertindo-se com o susto
E tudo é tão besta e tão gostoso.

Eos meninos no rio, tomando banho e sonhando em ser grandes
E as meninas na rua com suas bonecas e sonhando em ser grandes

E na porta de casa ele observa, desejando aquele tempo de volta.

domingo, 9 de agosto de 2009

para a menina importante que mora longe de mim

não tenho mais cara
não tenho mais nome
sou apenas o que você vê
e mais nada

sou menos do que você espera
muito menos do que sonha
nem passo perto de ser um cara bonito

de repente você me abre os braços
e eu saio correndo
sou parte do que não tem

mas é o impossível fazendo de conta, mais uma vez.

corre que o fogo tá queimando sua foto, em cima da mesa.

e o passado acabou de virar cinzas

sábado, 1 de agosto de 2009

Eu coloquei sim, um ponto final
E não é nada demais!

Eu não chorei por você ter ido embora
Apenas lamentei o frio que faz agora

E eu não posso mais escolher você!
A chaleira está apitando.

sábado, 25 de julho de 2009

Parece cocaína

eu escolhi a solidão
e nem imaginava o quanto seria triste
matei todos os meus amigos
desfiz meus relacionamentos
quebrei o coração de muitas mulheres
usei muitas delas
eu quis estar sozinho

eu busquei vencer a alegria
pondo mais tristeza na minha xícara de chá
e é um tormento acreditar que não posso mais ser assim

o sufoco é saber que
não se é feliz na solidão
que os outros podem viver sem mim
que eu estou assim por minha vontade
mas eu ainda tenho vontade de vomitar

e parece que emoções me vêm ao coração
e o choro é inevitável
mas ninguém me explicou que não podia ficar só
ninguém me dise que a solidão era triste

e agora? o que faço com meus muros?
são tão altos pra que possa pulá-los
são tão resistente pra que eu possa quebrá-los
são tão ásperos para que eu possa tocá-lo

e meu coração não quer mais sentir
e o isolamento é foda
e a depressão tomou conta de nós
e eu não sei mais em que caminho me enfiei

mas já está tarde
e eu não posso mais procurar ajuda

me resta ao menos sufocar-me no travesseiro
debaixo dos meus lençóis
e esperar um sonho onde eu esteja livre

me resta apenas um suspiro de liberdade
ao acordar do sonho
uma negação do horizonte frio

e se eu não puder contar com ninguém
eu vou estar na minha cama, quando você me ligar
sobretudo, haverá de me contar como foi o seu dia
e depois eu irei te dizer que estou feliz por você
mas ainda assim, continuarei dentro do meu estreito equilíbrio
e da minha grande insensatez.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Falta

e o meu maior problema é não saber o que fazer
você pareceu apossar-se de meu coração
não me pede mais permissão
pra poder entrar aqui

e no mais, o que me resta é uma vontade imensa de fugir com você
pra onde for mais tranquilo
onde ninguém possa deter
nem intimidar
os impulsos de amor e tesão

e se eu soubesse onde te encontrar agora, sairia correndo
colocaria meus sonhos na bagagem
levaria-os até você

e eu desejo tanto estar do seu lado
só pra poder me perceber seu

e que merda é essa que eu tô escrevendo?
tão romântico e apaixonado.
uma vontade louca de tirar a sua roupa.
te ver nua pra mim e poder ser o homem da sua vida

mas acontece que você nem sabe que eu penso em você
ou sabe e finge que não
ou sabe e me esnoba

e eu aqui, esperando uma taça de vinho
uma torrada
e um cigarro

a cama é vazia se você não está nela.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

canto daquele que já não sabe mais pra onde ir

eu tenho vontade de vomitar
aliás, meu vômito tem vontade de sair de mim
e meu corpo pede descanso

a pele cansada de levar surra
os olhos cansados de derramar lágrimas
o rosto cansado de escorrer suor

a mão cansada de pedir ajuda

um homem cansado de mendigar afeto
um coração cansado de bater em vão

e o sangue cansado de correr em veias e artérias,
de pulsar sem significado
de sangrar sem ferimento mortal

uma cama cansada de sustentar meu corpo
um travesseiro cansado de ser conselheiro
um telefone cansado de discar o mesmo números

uma voz cansada de chamar pelo teu nome

uma boca seca
de tanto esperar

e o quanto demorar, mais vai fazer crescer a vontade de matar o homem
que sou
e fazer nascer outro
mais desligado
mais desapegado
mais frio
menos apaixonado
menos dependente
menos humano

mais morto

mais que morto, não nascido.


p.s.: participação do Fake

terça-feira, 30 de junho de 2009

Só me sobrou a expectativa perdida de última hora

E hoje? O que você me diz sobre nós?
Dirá que não somos mais a parte que faltava nos sonhos de Amélia.

E eu não sei se vou tomar conta dos Bernardos.

E me contaram que o espelho é muito diferente do que somos.

Eu lembrei de uma vez que nos beijamos.
Estávamos só nós dois quietos num canto qualquer.
Não, essa história não é de beijo, é de ADEUS!!

Eu quero ser Hamlet um dia, no teatro.
Eu quero ser Romeu, um dia também.

Eu quero ser o filho da puta.
E mamar nas tetas da onça como Rômulo e Remo!
Foram eles dois mesmo?

E o que me importa?
Acho mesmo que é hora de estar na cama.
Para dormir somente, sem nenhuma moça bonita pra passar a noite e o tempo comigo.

domingo, 14 de junho de 2009

Quatro horas da manhã

Se tudo que me sobrou foi um copo de whisky e um guardanapo com seu número.

Talvez amanhã eu te ligue. Hoje mais não. Estou bêbado e com vontade de ficar sozinho.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sábado


É manhã de sábado. Na verdade passam das 13, mas acabei de acordar. Dei uma olhada em 360° pela casa. Vazia. Nenhuma pessoa sequer podia ser vista. Todos estavam fora. A minha surpresa era uma caixa de presente em cima da mesa. Naturalmente não era meu. Não costumo ganhar presente. Acendo um cigarro e percebo que o maço está pra mais do meio. É melhor garantir outro antes que esse acabe. Provavelmente não dura o resto da tarde. Em meio aos tragos mordisco uma maçã. Metade dela estava podre, tive que jogar no lixo. Fome. Vou à geladeira, tem água e resto da comida de ontem. Ninguém está em casa. A TV desligada pede para passar um filme ou um seriado enlatado. Me nego a acreditar que estou sozinho. Coloco o feijão pra esquentar. Demora. Feijão congelado. Um pouco de iogurte. O feijão continua esquentando. Aproveito a chama do fogão para mais um cigarro. No bolso, um bilhete com um telefone e "me ligue, gato". A calça não é minha. Telefone toca, secretária eletrônica atende. "Gu, você tá aí? Passo aí em meia hora." Campanhia toca. Mulher, cabelos compridos e pretos e eu pelo olho mágico. Não tinha ninguém em casa. Nem eu estava. Gu não estava. Não faria sala pressa que eu nem conheço. Feijão quente, arroz quente. Salada de ovo. Cigarro. Abro a última lata de cerveja na geladeira. Goladas fenomenais. Sede. Nada de interessante na TV. Como sempre. Sento no computador. Checo minha caixa de entradas. Nada interessante. Verifico a agenda cultural, nada interessante. Cigarro e cerveja. Alguma vizinha bate à porta. Continua batendo depois de três minutos. TV e cerveja. Programa reprise. Filme nacional. Cigarro. Cerveja acabou. Ainda me restam TV e filme nacional e cigarros e café. Café. Telefone toca. "Gu, estive aí. Voce não tava, ainda não tá, quando chegar me liga, notícia boa." Curiosidade. TV, filme nacional, telefone, cigarro, café. Sono. São dezessete. Banho. Nicotina impregnada. Vou ali. Comprar pão, mortadela, cerveja, café, macarrão e cigarros. A noite promete ser importante. Ninguém em casa. Telefone. "Gu?" "Alô?" "Tô passando aí em meia hora." "Ok! Traga cerveja e pizza." Noite melhor que tarde. Filme na TV, cerveja, café, cigarros, companhia. Sono. "Oi amor, por que não atendeu os telefonemas?" "Eu saí o dia todo, amor. Tive que resolver problemas. Cansado, faz um chamego?" "Claro, vem cá!" Vida tão diferente. Café. Cigarro. Pizza. Cerveja. Filme nacional na TV. Cafuné no sofá.

sábado, 14 de março de 2009

borrado
papel borrado
de tinta
com lágrima

ela estava chorando há pouco, enquanto escrevia estes versos

só por estar sozinha numa noite de festa

ela, na verdade, não sabe aproveitar a solidão

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

copo de vinho

aconselha-me o sol!

brotou o amanhã quando eu ainda
pensava em enterrar o ontem.

e eu nem sei se as flores
em cima da mesa
são presentes ou

se velam um passado morto