sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Noite (ou Vamos Fugir Pro Fundo do Mar?)

Eu queria uma canção
Um blues... Poderia ser um sambinha
Mas eu quero um samba triste
Quero arrancar lágrimas de mim mesmo
Quero poder dizer que o amor é um veneno
E depois acender um cigarro, brindando com vinho
Poder sorrir um sorriso falso, sem alegria
Com a mais pura tristeza de um cara estragado
De um coração meio cansado

E não acredito que o metal é como uma despedida.
Ele não sabe que sou capaz de morrer?
Faz questão de ignorar que estou em carne viva?
Mentindo sentimentos?

Por que será que a gente acorda em dias ruins?!
Por que não podemos apenas dormir neste dia e quem sabe amanhã...
Isso. Quem sabe amanhã, uma nova canção...
Um frevo, quem sabe.
Ou um samba alegre.

Quem sabe amanhã serei maior que qualquer coisa que se pode sentir?
E de repente poderei criar as fantasias mais legais nessa pobre cabeça!!
E poder fazer o mocinho e a mocinha ficarem juntos desde o início!?
Ou ainda extinguir o bandido dessa história, ou a bruxa má.

Tem uma hora do dia que a gente começa a fantasiar.
E chega uma hora do texto que parecemos sentir o que se passa.
Mas o que é mesmo que se passa?!
E a gente morre de vontade de morrer
E a gente cansa de querer se encontrar em alguém
Pra querer simplesmente definhar aos pouquinhos
Com pequenas doses
Veneno ou vinho!?

Sobrará um resto de prosa
Um vestido manchado com lágrimas.
Uma gravata enrolada num canto
Sem amor
Sem alegria
Sem tesão
Sem vontade alguma

Apenas um interesse muito grande em poder sofrer até a última gota
E poder arrancar dos espinhos, a rosa
E poder queimar as fotografias
E poder rasgar as cartas
Apagar os recados na secretária eletrônica
Desistir de sair essa noite
Desistir de dormir
Escapar de cada sonho, vendo a vida passar na janela
Enquanto aqui dentro, o mofo toma conta
E esse coração é só um monte de resto
Pronto a desfalecer em pedacinhos de passado
Mal-vivido, mal-acabado.
Feito inverno que não passa.

Um comentário:

John Rômulo disse...

Rapaz,esse texto me prendeu aqui rs !
Adorei demais !
me fez lembrar uma canção do Oswaldo Montenegro!
"Sempre não é todo dia

Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
Olhei pro meu espelho e há
Gritei o que eu mais queria
Na fresta da minha janela
Raiou, vazou a luz do dia
Entrou sem me pedir licença
Querendo me servir de guia"




tem dias em que realmente é melhor se esconder para nos protejer do mundo ou proteje-lo de nós...


tem texto novo lá !

parabéns,escritor!