domingo, 27 de dezembro de 2015

Carta ao efêmero amor

Querido estranho, como está? Primeiro, quero que você saiba que gostei muito de ter te conhecido. E agora, depois que eu pude racionalizar toda essa doideira que foram os últimos dias, devo dizer que sentirei falta de seu sorriso e que o guardarei comigo. 

Como foi bom ter você em meus braços naqueles dias. Parecia (e eu queria isso, mesmo) que eles nunca terminariam. Isso foi tão bom, você não deve fazer ideia, na realidade.

Querido estranho, queria te agradecer. Se nosso romance não foi pra frente, pelo menos me ajudou a escrever algumas cartas. Outras não tive coragem de enviar e ainda estão guardadas. Você me ajudou a colocar, novamente, as minhas ideias para fora do coração e a transpô-las para o papel. Obrigado. No fim das contas, ao nos separar, o destino me fez um bem danado. 

Amado estranho, deixarei uma rosa em cima da mesa para você. Venha pegar quando quiser. 

sábado, 26 de dezembro de 2015

Sobre a garota mais confusa por quem ousei me apaixonar

Foi bom e ruim te reencontrar. Que estranho. Estranho não poder te beijar como eu sempre fiz. Estranho não poder te tocar como eu sempre toquei, morder seu queixo como prova de carinho. Estranho.

Olhar pra você e sorrir. Ganhar seu sorriso de volta. Que estranho! 

Estranho seria, como diz a música, se eu não me apaixonasse por você. 

Estranho é eu te querer, sentir que você também me quer e a gente continuar paradas no meio do caminho. Não vale a pena negar tanto um sentimento como o nosso. Pra onde vai fluir isso que é tão bom de sentir? Me diga, por favor!

Se não me quer, também, me diga. Fale, de uma vez por todas, que não quer mais que eu te procure, que não quer mais ouvir minha voz, que não sonha mais comigo, que não deseja meu corpo ao seu lado, em sua cama. Me diga, logo! 

Prometo que, ao primeiro sinal de seu não, eu arrumo as minhas malas. E juro nunca mais bater em sua porta no meio da noite. 

Me diga, mesmo que não seja o que eu queira escutar, de verdade.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Pinte-me como uma de suas francesas

Quando me encontrar, não conte história, penetre profundamente em meu olhar. Deixe-me mudo com um daqueles beijos demorados que eu só tive a chance de ver no cinema. Coloque sua mão sobre meu rosto e deslize afastando o cabelo dos meus olhos. Beije meus lábios, meu nariz, minha testa. Faça-me descer pelo teu pescoço, roçando minha barba, sentindo o cheiro do teu corpo. Faça-me deslizar em teu peito com minha língua.

Coloque-me de joelhos e eu te faço uma oração.

Empurre-me contra a parede para me fazer sentir o quanto me queres. E, segurando minha cintura, faça-me desejar que esse momento não acabe.

Depois de me mostrar o quanto me desejas, deixa-me beber de ti. Alimenta-me. E eu me sentirei pleno.

Até que tenhas vontade de fazer tudo isso novamente.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Bilhete deixado na porta da geladeira

Antes de sair, escreveu em um papel azul:

Estou indo embora. Foi bom te conhecer e fazer planos de vida contigo. Mas acredito que somos incompatíveis. Você é um ótimo rapaz, bonito, simpático, gentil, carinhoso, inteligente, com bom papo... Não perca tempo comigo. Vá atrás de alguém que possa te fazer feliz de verdade.

Saiu deixando o bilhete na porta da geladeira. Jogou a chave que tinha do apartamento por debaixo da porta e nem se despediu da gata de estimação que eles dois tinham.


domingo, 6 de dezembro de 2015

Testamento (ou Ponto Final)

Ao antigo amor deixo nossas cartas trocadas durante os anos em que estivemos juntos. São cartas escritas em papeis já amarelados pelo tempo, algumas com buracos criados por traças, mas as palavras foram sinceras e ainda estão em perfeito estado. O sentimento ainda é o mesmo, com algumas camadas de poeira e envelhecido. Ao contrário dos vinhos que tomamos, o sabor não foi aguçado com o tempo. Para minha e para a sua sorte não passam de lembranças do passado em que tentamos ser felizes.

P.S.: Ainda espero que você tenha sido feliz com a outra com quem casou.