tag:blogger.com,1999:blog-356662582024-02-07T04:57:46.485-03:00PAPEL CANETA LETRASDan Silveirahttp://www.blogger.com/profile/13240027993372243671noreply@blogger.comBlogger189125tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-10409673179940016232017-09-15T01:01:00.002-03:002017-09-15T01:01:48.069-03:00Amarga noiteEstou sentado diante de sua fotografia feita no reveillon de 2016. Eu gostava da cor rosa desbotada de seu cabelo. Até hoje não consigo entender o porquê de sua decisão em tingir tudo novamente de preto. Não me entenda mal, eu gosto de você assim, também, acredite. Mas é que essa noite, olhando as nossas fotos antigas eu senti saudade. <div>
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Mentira, corri para ver suas fotos pois precisava derramar algumas lágrimas. E sinto que só assim eu conseguiria. Você é a única pessoa que consegue me fazer derramar umas lágrimas sem que eu nem pense o motivo.</div>
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Ainda bem que peguei essas fotos. Pelo menos me fizeram tomar coragem e voltar a escrever, mesmo que essa porcaria. </div>
Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-54792978354334930552017-06-09T22:13:00.000-03:002017-06-09T22:26:11.125-03:00Como vão as coisas, menino?Eu me chamo Carlos, trabalho em um escritório de publicidade. Sou designer. Vim morar aqui no Rio de Janeiro depois que me formei na Bahia. Sou pernambucano. Muitos aqui me chamam Baiano. Eu ainda não sei se porque estudei lá ou se porque eles acham que depois que passou Minas Gerais é tudo Bahia. Ou se são um pouco burros pra perceber que isso é um pouco preconceituoso.<br />
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Que delícia acabar todo o trabalho e poder chegar em casa mais cedo. E voltar andando, cara, melhor ainda. Ainda dá tempo de pegar o Jardim Botânico aberto. Não. Talvez eu possa dar uma volta pela Lagoa, tomar uma água de coco, comer um churros. É isso, vou andando, ouvindo uma musiquinha, o disco de Gal... Que saudade de casa. Quando chegar em casa vou ligar pra mainha. Não falo com ela há dias.</div>
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Faz tanto tempo que eu moro aqui. Uma pena que não consiga frequentar tanto esses lados da cidade. A Lagoa fica linda no fim da tarde. Um cigarro e uma música são a combinação perfeita pra essa vista. Deveria fazer isso mais vezes. <br />
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Perco tempo procurando nas músicas mais novas algo que me fale das coisas da vida, do dia-a-dia. Sei lá, já faz muito tempo que nenhum desses compositores fala nas músicas das coisas cotidianas, do que acontece na vida da gente. Às vezes a gente só quer ouvir alguém dizendo que tem uma vida igual à nossa. É pedir demais? Aí eu perco meu tempo em casa, escrevendo besteiras no caderno. Contando casos desde o Baixo Gávea até o Baixo Botafogo. Isso poderia virar um livro. Será que alguém leria? Não ia passar de mais um. Quem leria uma besteira dessa, Carlos? Tá na hora de voltar...<br />
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Nota mental: me lembrar de passar na mercearia de seu Joaquim... Engraçado que, toda vez que passo por aqui ele me pergunta como vão as coisas. “Como vão as coisas, menino?” Parece minha vó falando. Ele é um porto seguro pra mim. Também nordestino, mas veio aqui pro Rio muito jovem pra trabalhar com o pai. Abriram essa mercearia, que até hoje é dele. Dá pra comprar farinha boa e umas coisas de Nordeste que eu nunca encontraria aqui em Botafogo. “Como vão as coisas?” Demorei de responder, dessa vez.<br />
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Fiquei um tempo calado apenas olhando para as broas de milho, que eram deliciosas. “Meu namorado voltou pra Bahia, seu Joaquim. Ficou quase louco e arranjou um emprego. Tá trabalhando em um jornal de lá. Meu melhor amigo, que mora lá em casa também, foi atropelado. Caso comum de trânsito. Tava voltando pra casa.” A cara dele não era das melhores. Eu percebia que ele nem sequer sabia o que falar. Mas era isso...<br />
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“Vim andando da Lagoa até aqui.” “É longe, menino!” “Eu sei, vim pensando na vida, descarregando os meus dias, a semana, o peso de todas as coisas.” “Pensando no livro, né? Já disse que aceito te dar entrevista para esse tal livro do Botafogo.” “Seu Joaquim, o livro não é sobre o time, é sobre as pessoas do bairro. Eu não acho que as pessoas achariam interessante esse monte de besteira que eu penso.” “Deixa as pessoas decidirem, menino.” Às vezes não tem lugar pros meninos, pensei.<br />
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Uma broa de milho. Um café. Outra broa. Um cigarro. Olhar distante. Saudade de casa. A Bahia está longe. “Eu estou longe, seu Joaquim.”<br />
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“Oh, menino, cadê aquele poeta moreno e latino que escreveu o amor? Hein, cadê?” “Ninguém sabe dele.” “Viajou, foi?” “Não... Desapareceu.” Silêncio. Silêncio. Silêncios. <br />
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Despedi-me, acendi mais um cigarro, minhas broas num saco. A farinha em outro. A carne de sol em outro. Voltei andando para casa. Não pra minha casa, mas pra casa que estava sendo minha. Volta, menino.<br />
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<i><b>*Texto inspirado livremente na música Caso Comum de Trânsito, de Belchior</b></i></div>
Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-41235394118590258852017-04-14T21:45:00.000-03:002017-04-14T21:45:59.118-03:00VésperasSempre que ele se senta à minha direita, olha para mim e sorri eu lembro de como foi o nosso primeiro encontro. Não foi a primeira troca de olhares, não foram as primeiras palavras trocadas, não foi a primeira vez que nos vimos vivos e nos mexendo. Mas foi o primeiro registro de minha vontade de que aquela noite demorasse a passar. <div>
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E vocês precisam ver meu coração acelerando quando marcamos de nos encontrar e eu o vejo andando em minha direção. Ele tem um sorriso tão bonito que eu não consigo ficar sem sorrir também. E parece sempre que é algo por descobrir. Como se nosso encontro fosse sempre o primeiro.</div>
Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-60598381127152048582017-02-20T22:46:00.000-03:002017-02-20T22:46:24.963-03:00Sala de EstarLuiz Alberto entrou no apartamento. Estava vazio há meses. Era como ele sentia. Desde o fim de seu namoro não pisara lá. “Ele passou aqui depois de minha viagem”, pensou enquanto colocava a mala no chão. Olhou para todos os lados da sala. Não estava necessariamente vazia. Ainda tinha algumas coisas ali dentro. Um sofá, a TV, a luminária de chão. Os DVDs. Só dramas. As comédias tinham sido levadas. Alberto riu-se um pouco. “Deve estar rindo agora também.” Fechou a porta, continuou olhando a sala, deu a volta por trás do sofá, abriu a janela, voltou e sentou. Ligou a TV. Num desses programas de fofoca algo sobre um casal de famosos que acabaram de terminar um casamento de 23 anos. “Muito tempo.” Uma brisa correu a sala. Um vento. Derrubou um porta-retratos de cima da estante. Não havia foto alguma. Olhou o espaço vazio como contemplara a televisão. Mais do que contemplara a televisão. “Tempo o suficiente.” Desligou a TV, tomou a mala na mão, saiu para o quarto cantarolando.Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-73700773635373950562016-12-25T18:53:00.001-03:002016-12-25T18:54:55.216-03:00cartinha para noel (ou um conto de natal ou seja meu daddy, noel)querido papai noel<br />
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esse ano, hein? foi um ano daqueles... eu sei que me comportei bem. juro! não lembro de ter feito nada de mais, assim. tirando aquela vez que cuspi na cara de vanessa no meio da sala. mas aí ela também pediu, né? ninguém mandou me chamar de bichinha na frente de todo mundo do trabalho. tudo isso por pura birra, só porque transei com o namorado dela. mas não foi culpa minha, papai.<br />
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<i>nossa, nunca tinha pensado como isso é sexy, pensa que em inglês seu nome não é daddy claus, seria um tesão te chamar de daddy, enquanto sento em seu colo. mas voltando...</i><br />
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a culpa de eu ter transado com guto foi toda dele. tudo bem que eu deixei ele beber um pouco mais e fiquei falando aquelas putarias. mas eu sempre falo, cê me conhece. bom, e ele não precisava ter colocado o pau pra fora só pra me mostrar como tava. daddy, de onde eu venho, isso é sinal pra "quero uma mamada, faça". e foi o que eu fiz. foi bom, papi? foi ótimo. e ele gostou? ele adorou! tanto que da segunda vez ele estava sóbrio. e foi ele quem insistiu, inclusive, pra me comer. eu não queria, mas dei, só porque sou um cara legal (o que reforça a ideia de meu bom comportamento esse ano) e não sei dizer não. ainda mais pra um homão daqueles... se você curtisse homens, saberia o que eu estou dizendo.<br />
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eu nunca quis que aquele namoro terminasse. e você sabe que não foi querendo que mandei aquela minha foto mamando o guto pra vanessa. foi total culpa da tecnologia. uma merda. e também, aquela piranha tinha que reconhecer a piroca do cara assim tão fácil? desculpa, ela não é piranha [cortar isso na versão final].<br />
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poxa, daddy claus, posso te chamar assim? queria me defender também naquela história do professor. essa eu não tive um porcento de culpa. você deve saber. se a esposa dele descobriu as mensagens no celular dele e se separou, a culpa é minha? eu nem respondia nada pra ele. todas as vezes que ele deu em cima de mim eu disse que não. eu juro. só daquela vez que eu dei a entender que um dia poderia ficar com ele, mas era só pra conseguir a nota na disciplina dele. eu nunca faria nada. odeio pegar homem casado. com filho, pior ainda. (viu que eu sou um bom rapaz? eu penso nas famílias).<br />
<br />
tudo bem, não penso tanto na minha. eu sei, daddy. mas é que meu irmão é um escroto, né? traindo minha cunhada com a irmã dela. era muito errado. eu tinha que contar. mas como eu ia saber que minha cunhada tinha problemas cardíacos. ela parecia tão saudável. mas graças a deus está tudo bem. e aquela tonta ainda voltou pra ele, sabia? burra, nem tem como defender.<br />
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bom, daddy, nesse natal, eu queria que o senhor me trouxesse um grande amor. estou cansado de ser biscate e pegar o porteiro de meu prédio. tenho pena da esposa dele quando a encontro. seria legal ter alguém pra mim.<br />
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pode ser você, mas só se você largar a mamãe noele.<br />
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te amo, beijos.<br />
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p.s.: essa parte de ser você era brincadeira, não quero ser responsável por mais esse fim de relacionamento.Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-17227571071708263312016-12-12T00:11:00.002-03:002016-12-12T00:11:21.035-03:00De volta para o futuroSe você pudesse se ver daqui a dez anos, teria coragem de ir até lá? Ou iria preferir esperar esse tempo passar para saber aonde suas escolhas te levariam? <div>
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"Como ter boa notícias em tempos como esse?" - me pergunto.</div>
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Meia-noite, dizem ser a hora de Exu, deus africano da comunicação. Que ele saiba nos guiar para um futuro sem desentendimentos. Tá aí, deve ser isso. Não estão fazendo oferendas suficientes para ele. </div>
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Que os deuses e as deusas nos protejam.</div>
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Queria só garantir um futuro bonito. Mas só tentando...</div>
Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-75967222601523424392016-12-02T22:49:00.000-03:002016-12-02T22:49:06.092-03:00miríade de sonhostem que sonhar, menino. minha vó me disse isso tantas vezes. eu nunca acreditava muito. colocando minha fé nas minhas certezas. todas inúteis e completamente fluidas.<br />
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como sonhar, minha avó?<br />
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sonhar como ela sonhava.<br />
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ela sempre desejou uma cama de madeira com um colchão que não fosse de palha. aos 76, conseguiu. um sonho a menos. ela quis a vida inteira uma casa própria. grande foi a surpresa quando conseguiu a papelada da casa onde morava.<br />
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sonhar. é isso.<br />
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mas só sonha quem dorme? posso sonhar acordado?<br />
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mais uma vez, a resposta veio dela, que só sonhava acordada. e tinha medo de dormir e dormir.<br />
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não só é possível como é a única forma. o sono se alimenta de sonhos.Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-7644412423515837962016-09-25T20:52:00.001-03:002016-09-25T21:05:06.569-03:00Tarde de invernoAcordei de um cochilo no meio da tarde. Estava frio. Vesti um casaco que estava jogado num canto do quarto. Muito vento na janela fechada. Sabe quando a chuva vem acompanhada por vento? E se torna violenta? Como aquelas palavras que trocamos quando com raiva. Que, na verdade, nem são violentas, mas a força com que saem de nossos pulmões pode até ferir.<br />
<br />
Abri a janela e senti a chuva fina e fria molhar meu rosto. Precisava de um café para compor a cena de comédia romântica. Aquela sequência em que os casais se separam e todo mundo no cinema só espera a solução da distância, que é só fruto de uma grande confusão dos personagens. Providenciei o café e o cigarro (cigarros, claro, como sofrer sem café e cigarro?).<br />
<br />
Falta ainda uma coisa. Faltou a música. De todas as comédias românticas que eu vi, qual delas me daria uma trilha sonora? Olhei todos os meus discos. Dos que estão em minha biblioteca no iPod. The Winner Takes It All. Que música linda do caralho. Já chorei tanto escutando. Cantei com Meryl Streep todas as 16 vezes que assisti a Mamma Mia! (e todas as outras que coloquei o DVD apenas para ouvir as músicas).<br />
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Café, cigarro, música. O que mais faltava? Lágrimas? Não.<br />
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A chuva diminuiu sua força contra a vidraça. Voltei a abrir a janela e, dessa vez, nenhum pingo veio em minha direção. Acho que a magia estava se encerrando.<br />
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O café já tinha acabado, o cigarro também.<br />
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Takes it all. Has to fall. And it's plain. I complain.Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-60590324678393421792016-06-02T23:51:00.001-03:002016-09-02T10:44:40.677-03:00Do livro de SamuelSabe o que eu lembrei hoje pela manhã? De como me senti ao ler em seu diário, as peripécias que você aprontou enquanto eu estive na Argentina naquele meu trabalho.<br />
<br />
Foi uma cara de cu a que eu fiquei ao saber que você tinha aproveitado que eu estava fora do país para realizar uma de suas fantasias. E, pra dizer a verdade, nem sabia que você sonhava em transar com meu irmão. Foi lindo descobrir isso.<br />
<br />
Sabia que na hora até pensei que a gente poderia trepar os três, sei lá, uma foda a três com você sendo dominado por nós dois. Não era isso que você queria? Sentir um macho de verdade te dominando? Pois, teria dois. E pra mim isso seria extremamente excitante. Ainda é.<br />
<br />
Depois de ler aquilo tudo, fiquei me perguntando por que você nunca me disse isso. Cê sabia que eu não ligaria. Até porque eu mesmo já tinha falado sobre como meu irmão era gostoso, das vezes que a gente tinha batido punheta juntos, que eu já tinha assistido a ele transar com várias meninas que levava lá pra casa, sem ele saber, claro. Já tinha falado a você tantas vezes sobre o pau dele, a bunda, como ele metia bem, rebolando, como ele chupava bem uma boceta, que nunca tinha deixado uma garota sair sem gozar.<br />
<br />
E você se fazendo de puritana, como se eu não percebesse seu pau duro sempre que narrava essas histórias. E você sabia que eu sabia. Mas preferiu que eu fosse para longe para poder liberar pra ele. Idiota.<br />
<br />
E ainda negou quando perguntei. Me fazendo de burro. Amor, não precisava mentir. Era só ter dito tudo desde o início. Você tentando esconder como se eu ligasse para isso, quando você sabe que a única coisa que eu não perdoo é deslealdade. Sua fidelidade é ao seu desejo, não a mim. Minha raiva é de mentira.<br />
<br />
Em falar nisso, Tamar está muito bem. Voltou a namorar aquela menina. Mandou lembranças. Risos. Jamais saberá que eu sei que ele te comeu.<br />
<br />
A propósito... Foi bom?Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-83451756545196115382016-05-29T22:19:00.001-03:002016-05-29T22:28:53.504-03:00uma pequena cartapequena, são poucas as minhas lembranças, mas posso te dizer que são boas. sabe aquele tipo de memória que a gente tem de um final de tarde de outono qualquer à beira-mar esperando a onda bater em nossos pés, a água começando a esfriar por causa da estação? ai que saudade, pequena. saudade de ouvir sua risada quando eu te contava sobre os meus planos para o resto de nossas vidas. saudade de ouvir você me chamando de bobo e falando que era um monte de absurdo o que eu sonhava para a gente e que nunca iria acontecer. eu sabia que jamais se tornariam realidade. éramos jovens demais para darmos certo. mas, pequena, quantas vezes eu quis que hoje eu estivesse vivendo tudo aquilo. de acordo com meus planos a gente estaria, neste exato momento, embarcando em um cruzeiro pelas ilhas gregas, depois de um ano morando em madri. pequena, roberto me falou que te viu na tv, numa novela. essa danadinha conseguiu mesmo, porreta. mas escolheram uma dubladora muito ruim para você. mesmo assim, fiquei muito feliz e um pouco surpreso. não que eu não confie em seu talento, mas porque foi tudo tão rápido, né? na vida da gente as coisas mudam muito. ainda outro dia éramos vizinhos de porta, hoje, não passamos de dois desconhecidos. e você está famosa, indo naquele programa de domingo à tarde. quando voltar no rio espero te encontrar para um café. manda beijos para dona deolinda, ela está bem? ela foi uma das minhas melhores sogras. vou ficar por aqui porque está muito frio lá fora e eu preciso dar um jeito de enviar essa carta antes que o correio feche. grande abraço. do sempre seu, guto.Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-77448842300448281072016-04-26T23:49:00.002-03:002016-04-26T23:49:58.589-03:00adeus<div class="MsoNormal">
sabe aquela sensação de que nada é real, de que tudo é, mais
ou menos, um sonho? a mesma sensação que eu tenho quando sei que já chapei. mas
tô de cara. sei que estou. até poderia ter usado várias coisas pra me ajudar a
dormir, mas não rolou. porque eu quero estar acordado quando você chegar. quero
que leia essa carta em frente a mim, olhando nos meus olhos a cada pausa entre
os parágrafos. a verdade é que eu queria te matar aos pouquinhos, com requintes
de crueldade. jogar álcool em cima de sua ferida e assistir a você se contorcer
de dor. a mesma dor que me fez sentir quando resolveu passar por cima de nossa
história indo trepar com augusto. o bom disso tudo é que eu também trepei com
ele. e estamos quites nessa questão. agora eu só preciso que você acabe de ler
isso e vá embora para sempre. e me deixe em paz.<o:p></o:p></div>
Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-87178625351101742552016-04-18T23:28:00.003-03:002016-04-18T23:28:49.496-03:00noitealém desse mundo há outro mundo. um que a gente não pode ver. que é mais limpo. é inverso. reverso. controverso. parece o que é, mas não é de verdade. só que de mentira também não é.<br />
<br />
e quando tentamos olhar através de nós ele surge em outro sentido. como se tudo fosse ao contrário. mas nossos olhos não estão acostumados a ver assim. por isso criamos em nossas mentes um mundo que é igual. o que não faz sentido nenhum pois para que haveria de haver dois mundos iguais?<br />
<br />
eu afirmo pois conheci uma garota do outro mundo que era como eu. tinha meu mesmo nome, mas não podia me ouvir quando eu a chamava por mim mesmo.<br />
<br />
o outro mundo é a entrada para o outro mundo que ainda há depois do outro mundo. e depois do céu tem outro céu e no chão não há chão. tudo é espaço para dar espaço para o fundo do mundo.<br />
<br />
o fim do mundo acaba no início. e no fim de tudo encontramos as chaves. todas sobre a mesa.<br />
<br />
como nos contos.Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-54457284170761622982016-03-09T23:11:00.000-03:002016-03-09T23:11:10.416-03:00na estradaàs vezes a gente se enche de sonhos, não é mesmo? eu sei que eu deveria ter pedido permissão antes. mas sei lá, foi tão de repente, eu nem sabia que eu estava entrando nessa parada, sabe? eu achava que ia ser só um passeio. e agora estou nessa viagem de qualquer lugar para não sei onde. parece mesmo que é uma doideira inventada. e se me contassem eu morreria de rir e falaria “não, nunca, jamais”. e olhando agora para essa história, nossa, como sou bobo. partimos para mais um lugar desconhecido na manhã de hoje. o mais legal disso é não fazer ideia de onde vamos parar. parece apavorante, mas é maravilhoso. pelo menos quando estamos perdidos, nos olhamos e vemos que temos um ao outro. e rimos. às vezes, como mágica, surge um caminho, uma solução para algum problema, uma cachoeira por perto ou só um pôr do sol para acompanhar. e, de repente, tudo parece mais leve do que já foi em qualquer momento.Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-8187822248650930052016-02-25T00:23:00.002-03:002016-02-25T00:28:17.250-03:00TemosDa primeira vez que encontrei seu olhar já sabia que era você. Já sabia que não teria que relutar. Já tinha plena certeza de que tinha sido enfeitiçado.<br />
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O beijo seguido do suspiro foi mais um sinal de que não conseguiria ficar longe de você por mais de vinte e uma horas. E não conseguimos.</div>
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E aquele dia em que eu chorei de saudade enquanto você tomava o ônibus para casa depois de um fim de semana juntos na praia foi a prova mais fiel que eu estava enlouquecendo por você, menino.</div>
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Não sei ao certo no que vai dar essa novela. Mas queria te dizer que o que eu sempre sonhei foi com o aconchego de seus braços e seu sorriso de bom dia.</div>
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Agora que eu tenho, você me tem.</div>
Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-48292970357251847792016-01-19T00:55:00.000-03:002016-01-19T00:55:25.859-03:00Mas acontece que eu sou triste...Olá, meu querido amigo, <br /><br />Há quanto tempo não nos falamos... Sinto sua falta. Sei que estamos brigados e que não deveria estar falando contigo, mas meu coração sempre amolece depois de um tempo distante. É, não é fácil ficar longe de quem a gente gosta. E eu gosto de você. <br /><br />Queria te dar notícias sobre mim. Primeiro, gostaria de agradecer seu conselho em me afastar daí. O clima da cidade me fazia muito mal. A proximidade com os ares daí realmente afetava a minha saúde tanto física quanto mental. Não conseguia respirar muito bem. Estar longe de tudo por aí tem me feito vislumbrar outro futuro, algo mais saudável.<br /><br />Estive, também, longe de tudo que costumávamos usar: álcool e cigarro. E isso me ajudou a ficar limpo. Aqui é muito difícil conseguir essas coisas. Menos cachaça. Mas eu prefiro passar meu tempo lendo debaixo de uma árvore a perder tempo indo ao bar escutar histórias de bêbados (por mais que sejam engraçadas e inspiradoras). <br /><br />As mulheres daqui são bem atiradas aos forasteiros. Uma delas se tornou muito minha amiga. Ela é lésbica e paquera a cozinheira da fazenda, uma jovem de vinte anos, de corpo bem feito. Acho que o flerte é recíproco. Já assisti a trocas de olhares mais quentes que aqueles que trocamos em nosso último encontro.<br /><br />Por falar nisso, imagino que a rosa que te dei já deve ter morrido. Muitas coisas morrem com o tempo. Muitas. <br /><br />Querido amigo, encerro estas poucas palavras pois não temos mais muitas coisas a falar. Sinto saudade de você. Uma saudade já muda, sem forças até para sair de mim. Acho que essa notícia deve ser boa para você, no fim das contas. <br /><br />Em tempo, envio beijos e abraços aos seus. A Fernando, um forte abraço, a Glauce, um beijo estalado na bochecha. A sua namorada, felicitações por seu aniversário, que eu sei, foi recentemente.<div>
<br />Grande abraço de seu, agora, ex-amigo,<br /><br />Diego Souza da Costa</div>
Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-11063508503048166772016-01-12T02:05:00.001-03:002016-01-15T11:06:41.727-03:00Qual seu nome?Conheci o amor através das mãos de uma mulher que deveria ter o dobro da minha idade. Ela me disse que aquilo que estávamos fazendo era muito normal e que todo adolescente, a partir dos 12 anos, deveria aprender a chupar uma boceta. Como meus irmãos, também mais velhos que eu, não falavam em outra coisa, entendi que eu também precisava aprender aquilo.<br />
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<strike>Enquanto dividia o chuveiro com um primo mais velho, não tive como não notar o pau dele e os pentelhos, ainda crescendo. Era bonito. Calma, não passei por nenhuma violência. Mas acho que percebi naquele instante o quanto a beleza masculina me chamava atenção. </strike><br />
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Ela me guiou e colocava a minha cabeça onde ela queria e mandava eu fazer coisas com a língua. Eu, inocentemente, apenas obedecia. Afinal de contas, ela estava me fazendo um favor: me ensinando como fazer qualquer mulher se apaixonar por mim com apenas uma linguada. E ela se contorcia e chamava pelo nome de um Geraldo, que não era eu, obviamente, pois me chamo Paulo. E eu desconfiava que seria o nome de um namorado ou ex ou apenas o fetiche de me chamar por outro nome.<br />
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Minha língua entrando naquela caverna (oi?) meio adocicada e perfeita ao paladar de um adolescente. E eu ainda teria história para contar aos meus amigos da escola, no dia seguinte. E nos meses seguintes. E até hoje ainda tenho pois estou escrevendo isso para vocês.<br />
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Alessandra mudou a minha vida quando prendeu a minha cabeça entre as suas pernas naquele 23 de janeiro de 1999. Ela me iniciou na arte de chupar uma xoxota. Mulher de minha vida, minha punheta dessa manhã vai para você, onde quer que você esteja, quantos filhos quer você tenha e por quantas línguas e rolas sua boceta possa ter passado.<br />
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Depois dela, acreditei, piamente, que gostava mesmo de mulher. Até o dia que conheci Alessandro. Foi pelas mãos desse homem que redescobri o amor. Ele tinha o dobro de minha idade e sabia o que queria. E sabia o que eu queria. E me deu o que eu queria. Alessandro me mostrou o valor que se tem em chupar uma piroca. E me ensinou a mamar com maestria.<br />
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Alessandro, minha punheta desta tarde será para você, onde quer que você esteja, qualquer que seja o cu em que você esteja metendo nesses tempos de verão. Se tiver pela cidade me manda um SMS.<br />
<br />Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-69697184243559412592016-01-06T11:38:00.002-03:002016-01-06T11:39:51.200-03:00seis diasseis dias foi o tempo que deus usou para construir tudo. céu, firmamento, purgatório, inferno. e o limbo.<br />
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daqui não vejo a face deus.<br />
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posso contemplar apenas uma figura em contorno, um pouco à sombra, de lado. em duas dimensões como em uma fotografia. não é deus.<br />
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do lado de cá mensagens sem respostas e a esperança que se esvai. a esperança é sangue escorrendo das veias. corte de faca cega.<br />
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aqui onde estou o vento que bate na varanda me lembra a fumaça de seu cigarro encontrando um olhar perdido no horizonte.<br />
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não é deus.<br />
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à minha direita está a rainha. ela é deus.<br />
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silêncio absoluto por seis dias.Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-58876739369718254502015-12-27T19:11:00.003-03:002015-12-27T19:11:25.340-03:00Carta ao efêmero amorQuerido estranho, como está? Primeiro, quero que você saiba que gostei muito de ter te conhecido. E agora, depois que eu pude racionalizar toda essa doideira que foram os últimos dias, devo dizer que sentirei falta de seu sorriso e que o guardarei comigo. <div>
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Como foi bom ter você em meus braços naqueles dias. Parecia (e eu queria isso, mesmo) que eles nunca terminariam. Isso foi tão bom, você não deve fazer ideia, na realidade.</div>
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Querido estranho, queria te agradecer. Se nosso romance não foi pra frente, pelo menos me ajudou a escrever algumas cartas. Outras não tive coragem de enviar e ainda estão guardadas. Você me ajudou a colocar, novamente, as minhas ideias para fora do coração e a transpô-las para o papel. Obrigado. No fim das contas, ao nos separar, o destino me fez um bem danado. </div>
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Amado estranho, deixarei uma rosa em cima da mesa para você. Venha pegar quando quiser. </div>
Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-25533341783456021562015-12-26T23:57:00.000-03:002015-12-27T00:28:01.698-03:00Sobre a garota mais confusa por quem ousei me apaixonarFoi bom e ruim te reencontrar. Que estranho. Estranho não poder te beijar como eu sempre fiz. Estranho não poder te tocar como eu sempre toquei, morder seu queixo como prova de carinho. Estranho.<br />
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Olhar pra você e sorrir. Ganhar seu sorriso de volta. Que estranho! </div>
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Estranho seria, como diz a música, se eu não me apaixonasse por você. </div>
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Estranho é eu te querer, sentir que você também me quer e a gente continuar paradas no meio do caminho. Não vale a pena negar tanto um sentimento como o nosso. Pra onde vai fluir isso que é tão bom de sentir? Me diga, por favor!</div>
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Se não me quer, também, me diga. Fale, de uma vez por todas, que não quer mais que eu te procure, que não quer mais ouvir minha voz, que não sonha mais comigo, que não deseja meu corpo ao seu lado, em sua cama. Me diga, logo! </div>
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Prometo que, ao primeiro sinal de seu não, eu arrumo as minhas malas. E juro nunca mais bater em sua porta no meio da noite. </div>
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Me diga, mesmo que não seja o que eu queira escutar, de verdade.</div>
Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-20292391673288283032015-12-20T22:06:00.001-03:002015-12-20T22:12:06.995-03:00Pinte-me como uma de suas francesasQuando me encontrar, não conte história, penetre profundamente em meu olhar. Deixe-me mudo com um daqueles beijos demorados que eu só tive a chance de ver no cinema. Coloque sua mão sobre meu rosto e deslize afastando o cabelo dos meus olhos. Beije meus lábios, meu nariz, minha testa. Faça-me descer pelo teu pescoço, roçando minha barba, sentindo o cheiro do teu corpo. Faça-me deslizar em teu peito com minha língua. <br />
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Coloque-me de joelhos e eu te faço uma oração. <br />
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Empurre-me contra a parede para me fazer sentir o quanto me queres. E, segurando minha cintura, faça-me desejar que esse momento não acabe.<br />
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Depois de me mostrar o quanto me desejas, deixa-me beber de ti. Alimenta-me. E eu me sentirei pleno. <br />
<br />
Até que tenhas vontade de fazer tudo isso novamente.Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-4036843407873248272015-12-19T16:37:00.002-03:002015-12-19T16:43:19.115-03:00Bilhete deixado na porta da geladeiraAntes de sair, escreveu em um papel azul:<br />
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<i>Estou indo embora. Foi bom te conhecer e fazer planos de vida contigo. Mas acredito que somos incompatíveis. Você é um ótimo rapaz, bonito, simpático, gentil, carinhoso, inteligente, com bom papo... Não perca tempo comigo. Vá atrás de alguém que possa te fazer feliz de verdade.</i></div>
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Saiu deixando o bilhete na porta da geladeira. Jogou a chave que tinha do apartamento por debaixo da porta e nem se despediu da gata de estimação que eles dois tinham.</div>
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Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-79972186554199074142015-12-06T00:15:00.004-03:002015-12-20T22:28:26.633-03:00Testamento (ou Ponto Final)Ao antigo amor deixo nossas cartas trocadas durante os anos em que estivemos juntos. São cartas escritas em papeis já amarelados pelo tempo, algumas com buracos criados por traças, mas as palavras foram sinceras e ainda estão em perfeito estado. O sentimento ainda é o mesmo, com algumas camadas de poeira e envelhecido. Ao contrário dos vinhos que tomamos, o sabor não foi aguçado com o tempo. Para minha e para a sua sorte não passam de lembranças do passado em que tentamos ser felizes.<br />
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P.S.: Ainda espero que você tenha sido feliz com a outra com quem casou.</div>
Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-79531408941491036882015-11-27T15:04:00.001-03:002015-11-27T15:04:22.508-03:00Salvador, 15 de novembro de 2015 Eu sei que disse que nunca mais te escreveria carta alguma. Ou bilhete. Ou mensagem. Mas não resisti. Desculpa se incomodo com minhas palavras, que devem parecer vazias para você. É que esta noite, quando saía de casa, lembrei de nosso primeiro beijo, saindo do elevador. Um beijo roubado. Como dois adolescentes... Antes disso, meu coração batia forte, minha mão suava, se fosse falar, com certeza, gaguejaria. Mas sempre soube que é no silêncio pré-beijo que a coragem se faz.<br />
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E depois disso, sentir teus lábios, você me empurrando porta adentro, ainda me beijando, me segurando contra ela, enquanto a fechava e, ao mesmo tempo, abria minha camisa de botão, escolhida justamente pra facilitar a retirada. Tua barba por fazer roçando meu pescoço, tuas mãos do tamanho ideal para segurarem meu rosto. Nunca esquecerei nosso riso quando nossos dentes se bateram. Ou do susto que tomamos quando teu gato passou por nossas pernas entrelaçadas. </div>
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Tocar teu rosto é a melhor lembrança sensitiva desse momento. Sentir cada centímetro de sua pele, me esquentar em seu abraço. Seu corpo é incrível e tem um magnetismo inexplicável. Poderia ter ficado horas naquele abraço, dançar sem música contigo no meio da sala. Poderíamos perder a noite inteira só explorando nossas sensações a cada toque. </div>
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Se eu fecho meus olhos ainda posso te sentir, sabia? Deve ter algo nisso tudo. Com certeza. Até Roberto Carlos eu tenho escutado. Logo eu, que nunca gostei de ouvir as coisas que ele faz. </div>
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Desculpa, de novo. Deve ter sido o baseado que acabei de fumar, ou a garrafa de vinho que acabei de secar. Mas queria dormir contigo essa noite.<br />
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Mentira, não queria. É melhor deixar o passado no passado.<br />
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Todo seu, </div>
Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-91584455557250379662015-11-18T22:54:00.002-03:002015-11-18T22:56:11.543-03:00Mas você não voltaVocê poderia me abraçar agora. Você poderia me querer agora. Você poderia fingir, apenas uma vez, que gosta de mim.<br />
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Eu deveria ser menos idiota e não dar mais ousadia para você. Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-35666258.post-57813741707412766462015-10-03T14:56:00.001-03:002015-10-03T14:56:08.563-03:00Não peça licença antes de entrarVocê é um perigo e sabe disso. E, sabendo disso, usa todas as suas armas contra mim, que ando desarmado, sem defesas, diante de tanta armadilha. <div>
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Cara, observe... Todas as vezes que a gente se vê, basta um olhar teu pra que eu desfaça qualquer cara de entojo em sorrisos e elogios e carinhos mil. Eu nem lembro de meus problemas quando estou perto de você, seu filho da mãe.</div>
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Moço, você não tem noção da ebulição de adrenalina que provoca em mim quando lança <i>tu mirada</i> de latino cafajeste. E nem sabe o quanto se avoluma minha calça quando me abraça e, sem-querer-querendo, passa tua barba em meu pescoço e ainda sussurra alguma coisa incompreensível em minha orelha.</div>
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Você nem sabe, e nem vai querer saber, tenho certeza, de quantas homenagens solitárias já te fiz. Talvez por isso você me faça sentir mais adolescente que quando eu tinha 14 e escondia fitas no armário de lençol em meu guarda-roupas.</div>
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Menino, eu me pergunto se você faz isso tudo de propósito. Ou será que faz essas coisas inocentemente e nem faz ideia de como mexe com os meus nervos. E não apenas nervos, mexe com os corpos cavernosos e esponjosos. Mexe com meu coração, que acelera algumas batidas por minuto a cada passo teu em minha direção. E mexe com minha cabeça inteira. </div>
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Vixe, boy! Seu perigo é tanto que eu não consigo nem pensar em como fazer pra me defender de suas investidas, seu capetinha. Pare de me provocar respirando tão perto de meu cangote, mordiscando minha orelha e arranhando minhas costas de leve. Não pare, não.</div>
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Seu grande sedutor. Acho que não tem mais pra onde fugir. Fodeu. Já estou mais que preso no emaranhado de seus cabelos, nos seus pelos, no seu pau. Preso em seu corpo. Pode tirar o que quiser de mim: meu sangue, minha alma, meu leite. Não vou nem me fazer de difícil, quando, na verdade, você já conhece todos os meus pontos fracos. </div>
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Agora, eu, que costumava rir na cara do perigo, paraliso em sua frente, me dispo e me abandono a você. Sou todo seu.</div>
Daniel Silveirahttp://www.blogger.com/profile/05454659351980003872noreply@blogger.com1