domingo, 12 de maio de 2013

Você precisa saber de mim


- Você conversou com ela?
- Sim!
- O que ela falou?
- Sei lá! Um monte de coisa sem sentido.
Soluço.
- Ela me odeia...
- Imagina, Toni! Odeia nada! Vocês estavam juntos até ontem, jurando amores...
- A gente já num tá junto há um tempão. Nosso namoro já estava acabado há quase um ano. Nós não contávamos mais um com o outro pra nada.  A gente tinha segredos entre nós.
- Mas segredos são normais entre casais, Toni! Oxente!!
- Eu sei...
Soluços. Soluços.
- Mas os nossos segredos não eram tão simples assim. Ela me escondia saídas com amigas, fotos em happy hour com colegas de trabalho.
Lágrima escorrendo pelo rosto. Silêncio.
- Ela me escondeu um presente que ganhou de um amigo. Por quê? Por quê?
- Mas você, por exemplo, conversa comigo coisas que não contava a ela. Assim espero, pelo menos.
- Claro!! Mas não é o fato de contar ou não o conteúdo das conversas particulares. É não me contar as pequenas coisas! Ela se divertia tanto, por que não me dizer isso?
- Às vezes ela não contou porque sabe de seu ciúme doentio.
- E eu sei do ciúme dela.
- Você sabe como você agiria se soubesse que ela sempre saía depois do trabalho, né?
- Eu nunca a proibi de nada. Nunca briguei por ela sair com as amigas no fim de semana. Ou quando ela me contava das cantadas que recebia na rua ou de alguns colegas de trabalho. Nunca!!
- Entendo... Mas ela te explicou os motivos de terminar?
- Falou... Disse que eu não confiava nela, que eu a perseguia, que escondia segredos dela... Mas eu nunca, nunca escondi nada dela.
- Hum. Talvez ela tenha desconfiado de você, se você paquera alguém.
- Você tá cansada de saber, Ângela, que eu não tenho paquera alguma fora de meu namoro.
Cigarro. Isqueiro. Trago. Baforada.
- Ela começou a despejar o ódio melancólico dela sobre mim, chorando desesperadamente. E eu comecei a chiara também. Parecia um velório.
- Deus é mais, Toni!
- E eu parado, escutando ela me destruir, me falando as piores barbaridades do mundo como a mais pura verdade. E eu não pude dizer nada. Não consegui nem me defender, mesmo porque não tinha do quê.
Trago. Baforada. Soluço. Tosse.
- Eu to aqui contigo, amigo. Pra sempre.
Sorriso
- Te amo!
- Também te amo, seu bobo. Fica calmo que as coisas vão se resolver.
- Não quero mais resolver as coisas. Só quero que essa dor passe e que eu fique livre da lembrança dela.