segunda-feira, 17 de novembro de 2014

para meu amigo pablo

lembro de você escrevendo durante a madrugada. aqueles textos com cara de seu. eram meus preferidos. quando quero sorrir, fecho os olhos e me coloco a pensar em você, sentado à mesa com seu laptop. a tevê ligada, mas nem eu nem você prestávamos atenção. enquanto eu via um pornô, você escrevia sem parar, sem olhar para o lado, alternando as frases com as conversas de sua namorada. e eu, depois de um baseado, só ria de sua cara compenetrada tentando assistir a aquele desenho do cachorro amarelo. eu procurando o que comer na geladeira cheia de água mineral, comida pronta, verduras cruas e um pote de maionese. e você rindo de mim, paloso como nunca, achando incrível que seu primo tinha chegado lá em casa depois das duas da manhã, bêbado e desempregado. velho, durou apenas três meses. mas parece que éramos irmãos de vidas passadas. sumimos aos poucos, como naquela fotografia do filme de volta para o futuro. e no dia 31 de agosto eu também arrumei as minhas malas. já não éramos mais seis.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Depois daquela noite no teatro ( ou Antes de você decidir enviar a carta)

Depois de nos encontrarmos uma, duas, três, quatrocentos e setenta e nove vezes, me dei conta de que não sentia mais por você a mesma coisa que senti da primeira vez que vi seus olhos brilharem para mim.

É como se eu soubesse que seu corpo, que já passou pelo meu muito mais que quinhentas e noventa e duas vezes, não me dá o mesmo tesão.

Acho que a culpa foi sua, pois depois que te beijei, você virou para mim e disse que não poderíamos ficar juntos, porque você tinha outra pessoa. Mesmo estando essa outra pessoa agora a mais de oito mil e cinquenta e cinco quilômetros de distância, espero que vocês passem bem.

E espero que estejam sofrendo de saudade. Ou de desamor.