quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sábado


É manhã de sábado. Na verdade passam das 13, mas acabei de acordar. Dei uma olhada em 360° pela casa. Vazia. Nenhuma pessoa sequer podia ser vista. Todos estavam fora. A minha surpresa era uma caixa de presente em cima da mesa. Naturalmente não era meu. Não costumo ganhar presente. Acendo um cigarro e percebo que o maço está pra mais do meio. É melhor garantir outro antes que esse acabe. Provavelmente não dura o resto da tarde. Em meio aos tragos mordisco uma maçã. Metade dela estava podre, tive que jogar no lixo. Fome. Vou à geladeira, tem água e resto da comida de ontem. Ninguém está em casa. A TV desligada pede para passar um filme ou um seriado enlatado. Me nego a acreditar que estou sozinho. Coloco o feijão pra esquentar. Demora. Feijão congelado. Um pouco de iogurte. O feijão continua esquentando. Aproveito a chama do fogão para mais um cigarro. No bolso, um bilhete com um telefone e "me ligue, gato". A calça não é minha. Telefone toca, secretária eletrônica atende. "Gu, você tá aí? Passo aí em meia hora." Campanhia toca. Mulher, cabelos compridos e pretos e eu pelo olho mágico. Não tinha ninguém em casa. Nem eu estava. Gu não estava. Não faria sala pressa que eu nem conheço. Feijão quente, arroz quente. Salada de ovo. Cigarro. Abro a última lata de cerveja na geladeira. Goladas fenomenais. Sede. Nada de interessante na TV. Como sempre. Sento no computador. Checo minha caixa de entradas. Nada interessante. Verifico a agenda cultural, nada interessante. Cigarro e cerveja. Alguma vizinha bate à porta. Continua batendo depois de três minutos. TV e cerveja. Programa reprise. Filme nacional. Cigarro. Cerveja acabou. Ainda me restam TV e filme nacional e cigarros e café. Café. Telefone toca. "Gu, estive aí. Voce não tava, ainda não tá, quando chegar me liga, notícia boa." Curiosidade. TV, filme nacional, telefone, cigarro, café. Sono. São dezessete. Banho. Nicotina impregnada. Vou ali. Comprar pão, mortadela, cerveja, café, macarrão e cigarros. A noite promete ser importante. Ninguém em casa. Telefone. "Gu?" "Alô?" "Tô passando aí em meia hora." "Ok! Traga cerveja e pizza." Noite melhor que tarde. Filme na TV, cerveja, café, cigarros, companhia. Sono. "Oi amor, por que não atendeu os telefonemas?" "Eu saí o dia todo, amor. Tive que resolver problemas. Cansado, faz um chamego?" "Claro, vem cá!" Vida tão diferente. Café. Cigarro. Pizza. Cerveja. Filme nacional na TV. Cafuné no sofá.

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