segunda-feira, 30 de novembro de 2009
pernilongo na meia-noite
É uma mariposa.
Mariposa é borboleta?
Elas se parecem.
Só porque a mariposa tem um visual mais sombrio?
E ela pousa de asa aberta...
Modernosa.
A borboleta é recatada, puritana...
A mariposa é mais pra frente...
Toda aberta.
Mariposas são bonitas.
Mas eu não gosto delas voando.
Espero que ela não levante voo tão cedo.
Ela voou...
Ela tá voando demais.
Numa nuvem de gás mortal
Asas que batiam numa tentativa ineficaz de levantar voo
O meu olhar em suas asas
Somente o barulho delas a bater no ladrilho
Um desespero, sem ar.
A mim não foi confortável ver uma mariposa se debater até a morte.
Sou um mau homem.
Péssimo.
*não consegui achar o nome do autor da foto para citar.
domingo, 22 de novembro de 2009
Papel de Carta
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Em Janelas
domingo, 15 de novembro de 2009
Inquietação (ou A Vontade do Coração do Menino)
Eu quero morrer sem pecados
Em francês, em hindi, em esperanto!
Gostaria de respirar a paz de espírito
Até mesmo da angústia que não passa.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Apenas dói.
Muito mais que um eu-lírico...
Essa tarde não tem personagem.
Não tem histórias,
Não tem nada de fantástico.
Apenas um cara.
Por trás desse monitor e teclado.
Estou afim de não escrever mais e deixar passar essa dor.
A verdade é que eu não sei de onde ela vem,
Nem quando chegou aqui.
Sei que me dá vontade de dizer não a tudo.
E eu não tenho noção de como fazer pra sair disso.
Uma vontade de chorar me faz querer parar agora,
Uma angústia que não passa
Talvez eu volte.
Mas eu não sei quando
E talvez seja a hora de me despedir.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Noite (ou Vamos Fugir Pro Fundo do Mar?)
Um blues... Poderia ser um sambinha
Mas eu quero um samba triste
Quero arrancar lágrimas de mim mesmo
Quero poder dizer que o amor é um veneno
E depois acender um cigarro, brindando com vinho
Poder sorrir um sorriso falso, sem alegria
Com a mais pura tristeza de um cara estragado
De um coração meio cansado
E não acredito que o metal é como uma despedida.
Ele não sabe que sou capaz de morrer?
Faz questão de ignorar que estou em carne viva?
Mentindo sentimentos?
Por que será que a gente acorda em dias ruins?!
Por que não podemos apenas dormir neste dia e quem sabe amanhã...
Isso. Quem sabe amanhã, uma nova canção...
Um frevo, quem sabe.
Ou um samba alegre.
Quem sabe amanhã serei maior que qualquer coisa que se pode sentir?
E de repente poderei criar as fantasias mais legais nessa pobre cabeça!!
E poder fazer o mocinho e a mocinha ficarem juntos desde o início!?
Ou ainda extinguir o bandido dessa história, ou a bruxa má.
Tem uma hora do dia que a gente começa a fantasiar.
E chega uma hora do texto que parecemos sentir o que se passa.
Mas o que é mesmo que se passa?!
E a gente morre de vontade de morrer
E a gente cansa de querer se encontrar em alguém
Pra querer simplesmente definhar aos pouquinhos
Com pequenas doses
Veneno ou vinho!?
Sobrará um resto de prosa
Um vestido manchado com lágrimas.
Uma gravata enrolada num canto
Sem amor
Sem alegria
Sem tesão
Sem vontade alguma
Apenas um interesse muito grande em poder sofrer até a última gota
E poder arrancar dos espinhos, a rosa
E poder queimar as fotografias
E poder rasgar as cartas
Apagar os recados na secretária eletrônica
Desistir de sair essa noite
Desistir de dormir
Escapar de cada sonho, vendo a vida passar na janela
Enquanto aqui dentro, o mofo toma conta
E esse coração é só um monte de resto
Pronto a desfalecer em pedacinhos de passado
Mal-vivido, mal-acabado.
Feito inverno que não passa.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Melissa
Ela entrou. Jogou as chaves num canto, a bolsa num outro canto da sala, tirou o sutiã por baixo da blusa azul. Estava com vontade de não fazer parte do mundo. Como as coisas poderiam dar tão errado com uma pessoa em tão pouco tempo? Ela não acreditava que era o fim do seu namoro que estava fazendo isso com seu humor. Nem amava o desgraçado. Na verdade, há algum tempo não nutria sentimentos por nenhum rapaz. De repente se lembrou de seus biscoitos comprados numa lojinha do interior. Correu ao banheiro, tomou um breve banho. Sentou em frente à TV. Que bom que estava sozinha. Era a melhor parte do dia. Estar só em sua casa, com a TV ligada e vendo filmes em alemão, sem legenda. Ela não entendia nada de alemão, mas o preto e branco e as vozes e as faces a deixavam altamente em polvorosa. Sentada no sofá, uma caixa de biscoitos, um chá de maracujá, filme alemão.
Ao ouvir o telefone tocar, ignorou todas as sete ligações. Ela não queria ser incomodada. Era seu ex-namorado não amado que ela tinha tomado repúdio depois de descobrir que não amava. Queria atender. Sentiu-se sozinha. Viu-se sozinha. Não desejava, nem gostava de se sentir sozinha. Por um momento pensou em retornar as ligações, mas a possibilidade de ter que conversar com alguém e estragar seu filme alemão a fez desistir.
Foi até a janela olhar os carros passando oito andares abaixo. Adorava passar o tempo olhando os carros e vendo como a cidade à noite era viva. Mais um pouco de chá. Pôde olhar no prédio em frente, uma menina dançando para o espelho, um cara tocando saxofone, um casal jantando a luz de velas, uma senhora que parecia chorar vendo TV, um senhor pintando uma tela. Lembrou do seu filme alemão. Voltou à sala, ao sofá. 23h38min. O filme estava acabando. Na verdade, a sua paciência também.
Saiu da sala, largou os biscoitos sobre a mesa, correu ao quarto. Colocou uma saia, uma blusa, uma bota, batom, pegou sua bolsa, desligou a TV, ligou pra uma amiga, catou as chaves no canto onde tinha jogado, bateu a porta e foi passar o resto da noite do lado de fora do mundo.