domingo, 29 de maio de 2016

uma pequena carta

pequena, são poucas as minhas lembranças, mas posso te dizer que são boas. sabe aquele tipo de memória que a gente tem de um final de tarde de outono qualquer à beira-mar esperando a onda bater em nossos pés, a água começando a esfriar por causa da estação? ai que saudade, pequena. saudade de ouvir sua risada quando eu te contava sobre os meus planos para o resto de nossas vidas. saudade de ouvir você me chamando de bobo e falando que era um monte de absurdo o que eu sonhava para a gente e que nunca iria acontecer. eu sabia que jamais se tornariam realidade. éramos jovens demais para darmos certo. mas, pequena, quantas vezes eu quis que hoje eu estivesse vivendo tudo aquilo. de acordo com meus planos a gente estaria, neste exato momento, embarcando em um cruzeiro pelas ilhas gregas, depois de um ano morando em madri. pequena, roberto me falou que te viu na tv, numa novela. essa danadinha conseguiu mesmo, porreta. mas escolheram uma dubladora muito ruim para você. mesmo assim, fiquei muito feliz e um pouco surpreso. não que eu não confie em seu talento, mas porque foi tudo tão rápido, né? na vida da gente as coisas mudam muito. ainda outro dia éramos vizinhos de porta, hoje, não passamos de dois desconhecidos. e você está famosa, indo naquele programa de domingo à tarde. quando voltar no rio espero te encontrar para um café. manda beijos para dona deolinda, ela está bem? ela foi uma das minhas melhores sogras. vou ficar por aqui porque está muito frio lá fora e eu preciso dar um jeito de enviar essa carta antes que o correio feche. grande abraço. do sempre seu, guto.

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