Por Cristo, jurou que não mais se atreveria a olhar as mensagens no celular. E prometeu que seria a última vez. Ia apagando uma por uma e, como se cada uma fosse um pedaço seu que se ia, derramava lágrimas mudas. Até não haver mais uma palavra sequer que pudesse trazer à lembrança todos os dias tão azuis. E não aconteceu como desejou.
Não pôde conter o desespero que teve ao se dar conta que até as lembranças boas não existiam mais. Ao que recorreria quando quisesse lembrar o cheiro de pós-barba que sentia toda manhã ao levantar da cama e beijar o pescoço de Ricardo? O que faria se sentisse vontade de tomar o café com menta de Ricardo, que só ele parecia saber fazer?
As lágrimas agora vinham acompanhadas de pequenos soluços e uma feição de tristeza profunda. Correu para o armário, na esperança de encontrar algum casaco dele guardado. Mas lembrou no mesmo momento que já havia enviado todas as roupas junto com as cartas e as lembrancinhas da viagem que fizeram juntos à Bolívia. Definitivamente não queria lembrar que ele existia. Mas adoraria encontrar de novo a toalha sempre molhada em cima da cama.
Agora os soluços, antes finos, se tornavam mais graves e seus olhos não podiam mais sustentar qualquer lágrima que lhe chegasse. Calou. Deitou na cama e ocupou apenas o lado que costumava ser seu, enquanto imaginava que Ricardo, a qualquer momento, atravessaria a porta, jogaria o palitó numa poltrona à esquerda da cama e deitaria por cima dele dizendo que estava morrendo de saudades.
Então, sairiam abraçados e tomariam chá juntos. Ricardo acenderia um cigarro e ficaria olhando os carros pela janela. Ele encostaria e fariam planos para o futuro. Não mais fariam. Era hora de abrir os olhos. Assim Gil fez.
Enxugou as lágrimas com a fronha do travesseiro, foi ao álbum de fotografias, tomou nas mãos uma tesoura e voltou a destruir as lembranças. Não podia esperar mais nada de Ricardo. Sua vida já estava plena ao lado de outro alguém.
E ele precisava recomeçar também.
Não pôde conter o desespero que teve ao se dar conta que até as lembranças boas não existiam mais. Ao que recorreria quando quisesse lembrar o cheiro de pós-barba que sentia toda manhã ao levantar da cama e beijar o pescoço de Ricardo? O que faria se sentisse vontade de tomar o café com menta de Ricardo, que só ele parecia saber fazer?
As lágrimas agora vinham acompanhadas de pequenos soluços e uma feição de tristeza profunda. Correu para o armário, na esperança de encontrar algum casaco dele guardado. Mas lembrou no mesmo momento que já havia enviado todas as roupas junto com as cartas e as lembrancinhas da viagem que fizeram juntos à Bolívia. Definitivamente não queria lembrar que ele existia. Mas adoraria encontrar de novo a toalha sempre molhada em cima da cama.
Agora os soluços, antes finos, se tornavam mais graves e seus olhos não podiam mais sustentar qualquer lágrima que lhe chegasse. Calou. Deitou na cama e ocupou apenas o lado que costumava ser seu, enquanto imaginava que Ricardo, a qualquer momento, atravessaria a porta, jogaria o palitó numa poltrona à esquerda da cama e deitaria por cima dele dizendo que estava morrendo de saudades.
Então, sairiam abraçados e tomariam chá juntos. Ricardo acenderia um cigarro e ficaria olhando os carros pela janela. Ele encostaria e fariam planos para o futuro. Não mais fariam. Era hora de abrir os olhos. Assim Gil fez.
Enxugou as lágrimas com a fronha do travesseiro, foi ao álbum de fotografias, tomou nas mãos uma tesoura e voltou a destruir as lembranças. Não podia esperar mais nada de Ricardo. Sua vida já estava plena ao lado de outro alguém.
E ele precisava recomeçar também.
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