segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O ósculo

Beije-me. Vamos! Beije-me, agora! Minha boca tem sede de você! Tal como a história da corsa ou da terra seca que necessita de chuva. Então? Beije-me, com todos os beijos de tua boca. É só o que desejo em meio a essa noite fria, nessa capital fria, com almas perambulantes... Frias. Tão esquisitas que suas sombras parecem não ser de seus corpos. Não fuja de um simples pedido. Venha, como um vampiro sugar minha seiva de vida.

Onde estás tu que não percebes meu calor, morfina para tuas dores? Não sente que, ao aproximar-me, ficas arrepiado? Estou perto, cada vez mais perto. Posso sentir tua respiração quente em cima de meus lábios. Desvia um tanto de teu olhar. Abrace quem te espreita de muito perto.

Agora sentes? Fecha teus olhos e quero que possa me sentir tocar teus lábios. É a minha língua umedecendo-os. E agora que minha barba, ainda por fazer, arranha teu rosto, teu pescoço, teu peito e barriga? Deseja-me o suficiente para um beijo? Apenas um beijo, é o que peço. Não quero teu corpo por inteiro, nem tuas mãos me tocando, nem teu sexo. Quero um beijo. Uma única prova de como somos iguais. Isso. Agora mais perto e mais perto e mais perto. Já posso senti-lo tão dentro de mim, com tua língua a roçar a minha. Agora mais ainda.

Posso imaginar que tu me desejas? Não por acreditar que me sentirei melhor. Mas por acreditar que tu te sentirás melhor assim. Pronto. Já percebes que assim me tens nas mãos? E que podes fazer o que quiseres comigo? Era o que gostaria de provar-te. Vamos, solte-me. Deixa que eu siga meu caminho. E se quiseres, chama-me.

Nenhum comentário: