Era madrugada de terça-feira e Marcelo não conseguia dormir. Trabalharia, no dia seguinte, com os olhos vermelhos. Era um conjunto de emoções que nunca tinha experimentado. Putz! Em pensar que Marcelo era só um jovem apaixonado. Não sabia que a paixão doía tanto. Todas as vezes que dissera-se apaixonado, mentira para si e para todas as que escutavam. Mas dessa vez era diferente. Estranhamente diferente.
Insônia era uma realidade nova, medo de perder também. As lágrimas de saudade também. E que droga estava fazendo que não tinha ligado ainda. Mas era alta noite. Não devia ligar para ninguém uma hora dessas. Deitou na cama e olhava para o teto, como contemplasse o universo inteiro. Daí então, pode sorrir. Gargalhou, na verdade. E só uma cena lhe vinha à mente. Um beijo inesperadamente recebido, um susto, um olhar encabulado e uma fuga desajeitada.
Marcelo queria entender. Era jovem, mas não a ponto de não ter tido experiências de amor. Sentia como se fosse explodir. E tinha no peito um ardor. Queimava como nunca antes sentira. Parecia que ia morrer. Pensou que não deveria estar se sentindo assim. E quanto mais pensava, mais doía. E mais sentia. E mais gostava de sentir. Desistiu de lutar contra.