quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Ana

A chuva fina caía sobre ela, enquanto caminhava pelo largo corredor de árvores centenárias. Não sabia o que estava fazendo ali. Se sentia perdida, mas ao mesmo tempo, era como se pudesse ser feliz. Ana olhou para cima e viu as folhas balançarem no alto, os fios da rede elétrica pingando gotas de água. Começou a sorrir. Na verdade, gargalhava. Era uma felicidade que não sabia de onde vinha. Uma felicidade que nunca mais tinha sentido. E os pingos da chuva foram ficando mais fortes. E confundiram-se com suas lágrimas. E era uma alegria tamanha. Era loucura. Ela gritou. Gritou como se nunca tivesse dito uma palavra sequer. Como se o mundo inteiro a pudesse escutar. Mas ninguém a ouvia. E o que importa nisso tudo? Para Ana, era só saber ser feliz enquanto podia. Logo o sol sairia novamente, a chuva e a alegria iriam embora. Os sorrisos lhe fugiriam à face, como a água escorreria pelos esgotos e secaria no asfalto. Aproveitou os últimos instantes que sabia ser feliz e viveu a melhor de todas as experiências.

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