domingo, 22 de agosto de 2010

A Carta de Letícia (ou Aquele Texto Pós-adolescente)

E agora?
Não, não o José!
E agora? Você?
Sem querer ser plágio.
Mas e agora?

Não havemos de ser tão pobres na alma
Não havemos de querer um mundo mais cinza do que colorido
Não há mais estradas tão tortuosas e tão cheias de neblina
As estradas são estradas, dentro da minha cabeça.

E as muitas horas perdidas e colchões manchados de tristeza?
E agora?
Não se farão mais presentes?
Nem virão com uma fita vermelha e um laço bonito?

Acho que não
A mesma água que tomamos ontem
A mesma água pela qual fomos batizados
Essa mesma água já lavou tudo que trouxemos de ruim.

E nos restou um travesseiro
Ao invés de espuma ou penas, há flores de camomila
Ao invés de insônia e maus pensamentos
Há sonhos e velhos desejos voltando à vida

E há beijos de boa noite
E há canções de ninar
E há, como nunca houve, vontade de acordar amanhã.