terça-feira, 23 de setembro de 2008

Hora de deixar morrer a poesia?


eu ouvi um poeta cantar
músicas de amor com músicas de protesto disfarçado
eu paguei presse poeta, como não pago a prostitutas
eu ouvi ele mentir carinhos e amores no palco
ouvi cantar os sonhos das menininhas
os sonhos virginais das menininhas

ouvi ele falar pra um monte de marmanjo bobo
narizes de palhaços
apaixonados pela sensibilidade da alma
eu apaixonei aquela noite

beijei a boca que desejara há algum tempo
eu sofria angústia do dia seguinte
eu gastei dinheiro em cerveja e água mineral
eu bebi um copo da tristeza e eu dancei, pulei, gritei, como
numa dose de alguma droga cujo nome me passa agora

ele dizia em alto e bom tom
"a poesia prevalece"
naquelas três horas, prevaleceu mesmo!

depois só ficou o medo do dia seguinte, do não posterior ao beijo
restou a ressaca moral, o medo de olhar pra frente

na verdade não me resta muita coisa em pleno final da noite
só mesmo a vontade de olhar pra ela, a mesma, fechar os olhos
e tornar realidade o sonho da noite passada.

"ecelaverp aiseop a"


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