sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Salvador, 15 de novembro de 2015

Eu sei que disse que nunca mais te escreveria carta alguma. Ou bilhete. Ou mensagem. Mas não resisti. Desculpa se incomodo com minhas palavras, que devem parecer vazias para você. É que esta noite, quando saía de casa, lembrei de nosso primeiro beijo, saindo do elevador. Um beijo roubado. Como dois adolescentes... Antes disso, meu coração batia forte, minha mão suava, se fosse falar, com certeza, gaguejaria. Mas sempre soube que é no silêncio pré-beijo que a coragem se faz.

E depois disso, sentir teus lábios, você me empurrando porta adentro, ainda me beijando, me segurando contra ela, enquanto a fechava e, ao mesmo tempo, abria minha camisa de botão, escolhida justamente pra facilitar a retirada. Tua barba por fazer roçando meu pescoço, tuas mãos do tamanho ideal para segurarem meu rosto. Nunca esquecerei nosso riso quando nossos dentes se bateram. Ou do susto que tomamos quando teu gato passou por nossas pernas entrelaçadas. 

Tocar teu rosto é a melhor lembrança sensitiva desse momento. Sentir cada centímetro de sua pele, me esquentar em seu abraço. Seu corpo é incrível e tem um magnetismo inexplicável. Poderia ter ficado horas naquele abraço, dançar sem música contigo no meio da sala. Poderíamos perder a noite inteira só explorando nossas sensações a cada toque. 

Se eu fecho meus olhos ainda posso te sentir, sabia? Deve ter algo nisso tudo. Com certeza. Até Roberto Carlos eu tenho escutado. Logo eu, que nunca gostei de ouvir as coisas que ele faz. 

Desculpa, de novo. Deve ter sido o baseado que acabei de fumar, ou a garrafa de vinho que acabei de secar. Mas queria dormir contigo essa noite.

Mentira, não queria. É melhor deixar o passado no passado.

Todo seu,

Nenhum comentário: