Sabe, Colombo, estive pensando sobre as minhas escolhas para este ano. Não foram nada corretas, sabia? Sei lá, sinto que cometi erros horrorosos e que não posso corrigi-los. É como se eu estivesse no meio de uma roda de erros e tenho que melhorar tudo a partir dessa grande merda que se tornou viver.
Pensando aqui, esse tem sido um bom ano, sabia? Não tem tanta tristeza quanto 2014, poucas mudanças, todas as que tenho eu posso controlar. Mas sinto que uma coisa está bem errada... E eu ainda não sei o que é. Talvez seja só uma vontade de fazer a coisa certa. Uma vontade que vem misturada ao desejo de ter deixado um monte de coisa pra trás.
É, Colombo, vou comprar mais cerveja porque a nossa acabou. E eu parei de fumar.
Taí, talvez seja a minha decisão mais acertada em 2015: parar de fumar.
Vou ali.
quarta-feira, 17 de junho de 2015
sábado, 6 de junho de 2015
Feitiço do alho pra amarrar homem (ou Sandro e o ex sem nome, mas que todos já sabem quem é)
Sandro, de repente, fechou o livro que estava lendo, algo sobre religiões pagãs, e olhou para o souvenir da torre de Piza que tinha ganhado de seu ex-namorado. Abriu um meio riso, achando meia graça naquela miniatura de torre torta. Inclinou levemente a cabeça para corrigir o erro da torre, deixou o livro de lado e tomou mais um gole de vinho. Procurou a ponta que tinha deixado no cinzeiro, reacendeu, puxou umas duas ou três vezes e continuou a fitar a torre. E ela se inclinou mais ainda. Ou foi sua cabeça que inclinou para o lado contrário. A uma altura dessa, vinho, maconha, sono, já não sabia.
Sandro tentou continuar a ler, mas as lembranças de seu ex-namorado que fora à Itália começaram a surgir e surgir e voltavam e ele já tinha mergulhado na bad trip. E começou a lembrar de como se conheceram trocando olhares na escadaria da faculdade. Sandro ainda era casado com Adriana e não entendeu porque sorriu para o desconhecido bonitinho que subia a escada e que também sorria para ele. Eles nem se conheciam e Sandro já sabia que o queria por perto o mais rápido possível. E depois ele contou a Sandro que não virou só para não dar ousadia, mas que perguntou aos amigos se sabiam quem era o de aliança na mão.
Sandro nunca traiu sua esposa e quando viu que seu pau subia agora por um rapaz decidiu separar. A onda bateu ruim de novo, sentiu-se péssimo em abandonar a mulher com quem sonhou ter filhos, até. Tomou mais um gole de vinho e deu mais um pau no baseado, que a essa altura já era quase ponta. Precisava mudar a vibe da noite. A torre se entortou mais ainda e ele já nem sabia mais se era Piza ou Eiffel. Piza, decidiu. Lembrava pizza, que lembrava Itália que lembrava seu ex. Decidiu homenagear o souvenir e resolveu matar a fome, aquela famosa fominha, com uma macarronada.
Decidiu cortar tomate, cebola, pimentão, alho, tudo isso enquanto a massa cozinhava. Chorou muito enquanto cortava o alho. Não entendeu nada pois, apesar de se parecerem, ele sabia que alho não faz chorar igual a cebola. Mas a gente sabe, Sandro, a gente, que está sem fumar nada, sabe que você morre de tesão nesse cheiro de alho. Não é bem tesão, não sei o que é pois não sou você. Mas sei que você morre de saudade desse homem, esse capeta disfarçado de homem, e que alho te faz lembrar como vocês começaram esse romance esquisito.
Sandro chorou e cortou o dedo enquanto tentava cortar pedaços de bacon para colocar no molho. Essa não era a noite de Sandro. Decidiu que ligaria para ele. E ligou:
- Alô! - aos prantos e nem conseguia abrir os olhos e sentado no chão cozinha
- Hum...
- Eu não consigo esquecer de você, inferno...
- Hum...
- Que feitiço você me rumou que eu não posso me desligar desse amor? Tem alho nele?
- Hum... - riu um pouco, mas disfarçou.
- Por mim você morria.
- Arram...
- Mas vem se despedir de mim aqui em casa antes de morrer? - desligou o telefone achando que já tinha dado ousadia suficiente para aquele babaca.
Ele não foi, mas alguém apareceu por lá meia hora depois e encontrou sangue na cozinha e o macarrão queimando no fogão. Sandro estava no banheiro lavando o rosto e o machucado. Quando viu que alguém batera a porta correu feliz ao seu encontro e viu que era Thiago, seu melhor amigo. Este, espertamente trocara o nome dele com o do tal ex na agenda do celular de Sandro para evitar esse tipo de atitude que acabaria em ressaca moral, afinal todos sabemos como é vergonhoso ligar para o ex durante embriaguez.
Thiago ligou para a pizzaria, guardou o souvenir, fez um curativo na mão de Sandro, enrolou mais um baseado e decidiu que passariam a madrugada assistindo a sitcoms juntos, falando mal dos ex, comendo besteira e sem pensar em nenhum país além-mar.
Sandro riu e esfregou bastante sabonete na mão para sair o cheiro de alho. Mas sabia que se encostasse o nariz no indicador esquerdo poderia sentir o cheiro maldito da mais gostosa paixão que já teve.
Sandro tentou continuar a ler, mas as lembranças de seu ex-namorado que fora à Itália começaram a surgir e surgir e voltavam e ele já tinha mergulhado na bad trip. E começou a lembrar de como se conheceram trocando olhares na escadaria da faculdade. Sandro ainda era casado com Adriana e não entendeu porque sorriu para o desconhecido bonitinho que subia a escada e que também sorria para ele. Eles nem se conheciam e Sandro já sabia que o queria por perto o mais rápido possível. E depois ele contou a Sandro que não virou só para não dar ousadia, mas que perguntou aos amigos se sabiam quem era o de aliança na mão.
Sandro nunca traiu sua esposa e quando viu que seu pau subia agora por um rapaz decidiu separar. A onda bateu ruim de novo, sentiu-se péssimo em abandonar a mulher com quem sonhou ter filhos, até. Tomou mais um gole de vinho e deu mais um pau no baseado, que a essa altura já era quase ponta. Precisava mudar a vibe da noite. A torre se entortou mais ainda e ele já nem sabia mais se era Piza ou Eiffel. Piza, decidiu. Lembrava pizza, que lembrava Itália que lembrava seu ex. Decidiu homenagear o souvenir e resolveu matar a fome, aquela famosa fominha, com uma macarronada.
Decidiu cortar tomate, cebola, pimentão, alho, tudo isso enquanto a massa cozinhava. Chorou muito enquanto cortava o alho. Não entendeu nada pois, apesar de se parecerem, ele sabia que alho não faz chorar igual a cebola. Mas a gente sabe, Sandro, a gente, que está sem fumar nada, sabe que você morre de tesão nesse cheiro de alho. Não é bem tesão, não sei o que é pois não sou você. Mas sei que você morre de saudade desse homem, esse capeta disfarçado de homem, e que alho te faz lembrar como vocês começaram esse romance esquisito.
Sandro chorou e cortou o dedo enquanto tentava cortar pedaços de bacon para colocar no molho. Essa não era a noite de Sandro. Decidiu que ligaria para ele. E ligou:
- Alô! - aos prantos e nem conseguia abrir os olhos e sentado no chão cozinha
- Hum...
- Eu não consigo esquecer de você, inferno...
- Hum...
- Que feitiço você me rumou que eu não posso me desligar desse amor? Tem alho nele?
- Hum... - riu um pouco, mas disfarçou.
- Por mim você morria.
- Arram...
- Mas vem se despedir de mim aqui em casa antes de morrer? - desligou o telefone achando que já tinha dado ousadia suficiente para aquele babaca.
Ele não foi, mas alguém apareceu por lá meia hora depois e encontrou sangue na cozinha e o macarrão queimando no fogão. Sandro estava no banheiro lavando o rosto e o machucado. Quando viu que alguém batera a porta correu feliz ao seu encontro e viu que era Thiago, seu melhor amigo. Este, espertamente trocara o nome dele com o do tal ex na agenda do celular de Sandro para evitar esse tipo de atitude que acabaria em ressaca moral, afinal todos sabemos como é vergonhoso ligar para o ex durante embriaguez.
Thiago ligou para a pizzaria, guardou o souvenir, fez um curativo na mão de Sandro, enrolou mais um baseado e decidiu que passariam a madrugada assistindo a sitcoms juntos, falando mal dos ex, comendo besteira e sem pensar em nenhum país além-mar.
Sandro riu e esfregou bastante sabonete na mão para sair o cheiro de alho. Mas sabia que se encostasse o nariz no indicador esquerdo poderia sentir o cheiro maldito da mais gostosa paixão que já teve.
Assinar:
Postagens (Atom)