Enquanto eu estava sentado no sofá fumando um cigarro, tomando uma dose de conhaque, ele arrumava as malas. Era uma despedida, eu sabia. E não havia o que questionar. Aliás, não questionava nada em nenhum momento. O fato de eu estar fumando já provava o quanto eu me incomodava com aquela situação. Mas um incômodo que não mexia tanto com meus sentimentos por ele. Pelo contrário, um incômodo que pedia que aquilo terminasse logo e eu pudesse deitar em minha cama sozinho e passar a noite inteira pensando em nossos momentos felizes.
Por um segundo pensei em impedir que ele fechasse o zíper da mala. Pensei em jogar a roupa dele toda na cama e falar que eu estava enganado, que não queria que ele se fosse. Mas não era isso que deveria ser feito. Por mais que tenhamos sonhado muitos sonhos juntos, acho que agora já é a hora de dizer adeus.
E assim foi feito. Ele cerrou a mala, abriu a porta e eu fechei meus olhos. A lágrima escorreu de meu rosto até meus lábios. O sabor era salgado. Porém haverá de se tornar doce e, no fim, sabor algum terá.