Acendeu um cigarro. Sentado sozinho numa mesa de bar, pediu um chopp e fumava. Sentia falta disso. Há muito tempo não se dava esse pequeno mimo. Mas era véspera de seu aniversário, podia fazer isso e não se preocupar com o mundo à sua volta.
Apesar de não estar dando a mínima atenção ao mundo que girava em seu redor, Pierre notou a entrada de Solano no bar. Como não notar? Era o cara mais bonito que seus olhos haviam visto.
Solano tinha a boca bem vermelha, olhos castanhos e pele bronzeada de sol. Não era forte, nem franzino, tinha uma cara de homem, com a barba por fazer, sobrancelhas grossas, mas desenhadas pela natureza a fim de garantir bom resultado à escultura de Deus. Assim que Solano percebeu o olhar tão encantado de Pierre, abriu um sorriso. Era o sorriso mais belo e mais gracioso de todo o ambiente.
Solano sentou próximo ao balcão, pediu uma dose de whisky e rezou ter coragem de falar com o homem mais gostoso e, no entanto, solitário do bar.
Pierre, como estivesse escutando as preces de Solano, levantou-se, perguntou se poderia sentar ao lado dele. Claro que sim, respondia o sorriso de Solano. Conversaram, Pierre disse que no dia seguinte seria seu aniversário e então, seu mais novo conhecido decidiu que comemorariam a partir daquele instante. Um beijo selou este momento e o resto da noite passaram agarrados um ao outro. O resto dessa noite e as outras noites seguintes dos treze anos seguintes e até hoje.