Subiu ao último andar.
No terraço daquele prédio velho
Ficava observando a cidade grande
Atrás daquelas antenas
E daqueles prédios descascados
Nem sequer sabia há quanto tempo estava ali
E o tempo pouco importava a ele
Não podia perder mais tempo lá dentro
Se o mundo aqui fora gritava sua presença
Era atuar numa peça mal escrita
Os textos borrados de chuva
As roupas amarrotadas de sempre
Um sorriso perdido no canto do lábio
Uma lágrima escorrendo pelo rosto
Como sinalizando o fim. Ou o princípio?
Quem mais, além dele mesmo, pra saber?
Era Outubro.
E um monte de coisas de Outubro aconteciam!
E um monte de coisas de Outubro aconteciam!
Nem em sonho o tempo passava tão rápido!
E num piscar de olhos via-se carros quase parados
Era a cidade
Grande
Era o verniz
Era um pouco de farinha
Ele e um cigarro no topo da cidade
Ele e as lágrimas correntes que vinham em seu olhar
Insistentes em saltar do olho
Ele e as lembranças dos sonhos
Ele era um sonho
Era errado acreditar em sonhos?
Fechou os olhos.
Daquele topo, do alto, podia voar
E planava sobra as nuvens
E voava sobre os carros parados na via pública
E fazia piruetas em cima das casas, entre os prédios
E virou capa do jornal do dia seguinte.
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